
Princess, ao meio em baixo, num dos vídeos de Kutiman
Youtube
Filme sobre Samantha Shaw uma americana que sonha ser cantora, comove Festival de Israel. JN falou com ela: "O YouTube salvou-me a vida".
Há qualquer coisa de muito comovente, e desarmante, nas confissões para o YouTube de Samantha Shaw, uma afro-americana de 39 anos, auxiliar de ação médica em New Orleans, que ainda sonha ser cantora famosa.
Alguém fez um filme sobre ela - "Thru you Princess", do israelita Ido Haar, que estreou no Festival de Jerusalém - e Samantha é agora "Princess Shaw", um cometa no sistema solar da maior plataforma de vídeos do mundo.
Mas nada mudou realmente na sua vida profissional. "Sim, agora tenho milhares de "likes", mas ainda estou em New Orleans, ainda trabalho num lar, ainda não sou cantora. Acho que ainda vai acontecer", diz ela ao JN, confusa com a forma da fama atuar.
Samantha, que vive sozinha e parece desamparada, faz do YouTube um confessionário e grava dois tipos de vídeos no seu telefone: canções descarnadas de soul à cappella; e relatos de abusos sexuais que sofreu do padrasto, postos em carne viva, incluindo a inação da mãe.
"Por que me expus? Porque aquilo me comia viva, transformava-me em escuridão", diz calmamente Samantha. "Faço-o pelas outras almas perdidas, para saberem que há sempre alguém que está mais perdido que nós. Sim, o YouTube salvou-me a vida. Sem isso, não estaria aqui".
[Youtube:WoHxoz_0ykI]
E aqui entra em cena Kutiman, músico israelita que compõe com "samples" pescados no YouTube e que fez várias canções da voz de Sam, refundindo-as em "trip hop", mas sem ela saber.
"Wow, quer dizer, wow! O que ele fez foi incrível, incrível", e quase desata a chorar. Depois disso, Sam já cantou em Telaviv e em Londres - mas o feito não se multiplicou. E ela espera.
Segundo a designação de Aristóteles, que foi o primeiro a usá-la, um cometa é uma "estrela com cabeleira" e isso é exatamente Samantha, que tem cabelo ácido cor de carmim.
Não se saberá se é um cometa periódico, cuja órbita elíptica regressa à vizinhança solar, ou se é um cometa irregular, dos de órbita parabólica tão grande que são incapaz de voltar e ser outra vez vistos.
