Todos vêm falar de amor e de violência e Natalie Prass vai mesmo pedir que lhe partam as pernas (para não correr em direção ao seu amor que lhe faz mal). São cinco grupos obrigatórios entre os mais pequenos de Coura 2015.
Iceage: 5.ª, 22.25 horas
Elias Bender Rønnenfelt, 23 anos, vocalista dos Iceage, está mais bonito do que em 2013, quando passou por aqui há dois anos como um cometa negro, a olhar, a ameaçar (ou a fingir que ameaçava) a atirar cascalho e "Ectasy" e a deixar-nos sem ar. Vamos ouvir o novo 3.º disco e a surpresa: eles expandiram, viram Cave, Coen e os Bad Seeds e há pianos melancólicos, hinos alcoólicos e flores quase sem sangue. Mas continuam punk, isto é ternos e sardónicos. Deviam tocar no palco principal e não na tenda onde só cabe 1/5 do público.
Waxahatchee: 5.ª, 20.30 horas
Katie Crutchfield, "neo-folker", 26 anos, franja preta, traz o amor e a renúncia. Todos trazem, mas Katie é diferente, como Prass, não se vem queixar, vem explicar "porque tu estavas pacientemente a dar-me tudo aquilo de que eu nunca vou precisar", e diz isto a dançar: "eu deixei-te como a um pacote de leite". ("Air", do 3.º disco "Ivy trip"). Waxahatchee, esquisitíssimo nome, é o nome da terra onde cresceu, no Alabama.
Steve Gunn: 5.ª 19.50 horas
O barítono lúgubre da Pensilvânia, e que cai nas últimas notas da força, é a melhor voz que vamos ouvir em Coura? Gunn, que tem em cima Kurt Vile, os Black Dirt Oakes, a psych-folk, as guitarras de John Fahey e aquela voz que o cerca, é um crescendo desde há nove anos. Traz o melhor o melhor de si no novo disco "Way out weather", com banda, plenamente formado, e é preciso prestar-lhe atenção. Vai tocar com o sol a descer.
Merchandise: 6.ª, 22.20 horas
Os Merchandise não são os Future Islands, mas partilham a mesma casa 4AD e um motor revivalista que atira outra vez os anos 80 para o futuro, mas diferentes, como se tivessem passado por estudos artísticos, artes finas e a nova melancolia dos psicadélicos pop. Também vêm falar de rupturas, do céu a cair, do fingimento, do exílio e do ego, ou que são demasiado novos para se sentirem tão velhos. O novo disco "After the end" é todo sobre isso, mas dito a dançar.
Natalie Prass: sábado, 19 horas
Natalie, sente-se em casa em Nashville, gosta de andar entre retro-revivalistas, Dusty Springfield, Jenny Lewis e exóticos como Matthew E. White. Traz o primeiro disco cheio de romance passional, soul lento e muito desamparo, medo, fuga ("tu és uma ave de rapina com um coração como a noite", em "Bird of prey"; "eu partirei as pernas porque elas querem caminhar para ti", em "Violently"), esperança e alguma pompa e circunstância.
