
Frank Sinatra, um dos maiores cantores do século XX, ícone da cultura popular, atuou uma única vez em Portugal. Foi em 1992, no estádio das Antas, com bilhetes a 30 contos. O cantor nasceu há 100 anos.
Há precisamente 100 anos nasceu um bebé num pequeno apartamento do número 415 da Monroe Street em Hoboken, New Jersey, Estados Unidos. Chamaram-lhe Francis Albert Sinatra. Filho único de um casal de imigrantes italianos, tornou-se naquele que para muitos foi o maior cantor do século XX e indiscutivelmente uma das mais icónicas figuras da história da música popular. Ao longo de mais de cinco décadas, Frank Sinatra gravou mais de 100 discos e 1800 canções. Ficou conhecido como "a Voz".
A sua carreira começou relativamente cedo, ainda antes de completar 24 anos, em 1939, quando gravou o seu primeiro disco. Três anos depois já provocava chiliques nas moças da assistência e arrasava corações pelos Estados Unidos. Não tardou a afirmar-se como uma estrela global - provavelmente a primeira de todas.
Apesar da sua longa carreira, Sinatra só veio a Portugal por três vezes: as duas primeiras para passear, em 1950 e em 1971, tendo aproveitado para ir jogar golfe a Cascais, e a terceira para dar aquele que foi o seu único concerto em Portugal.
Foi no estádio das Antas, no Porto, a 7 de junho de 1992, já na fase final da sua carreira. O concerto, com primeira parte de Herman José e bilhetes entre os 15 e os 30 contos, uma exorbitância na época, juntou mais de 10 mil pessoas no relvado das Antas, devidamente revestido por uma alcatifa azul e onde até se colocaram mesas para os espetadores mais abastados.
Na altura com 76 anos, não consta que a sua passagem pelo Porto tenha deixado grandes memórias. Chegou ao aeroporto de Pedras Rubras poucas horas antes de subir ao palco e nem por cá ficou a dormir, tendo regressado ao avião imediatamente a seguir ao concerto. Pediu uma boa quantidade de garrafas para o backstage, bem como rebuçados para a tosse, e terá cantado 17 canções nessa noite, sempre acompanhado por uma orquestra dirigida pelo seu filho Frank Jr.
Há uns anos, Julián Ruiz, um produtor musical espanhol, escreveu no jornal El Mundo um testemunho sobre essa noite, uma vez que foi um dos poucos privilegiados que esteve próximo de Sinatra nos bastidores do concerto nas Antas. Dava conta de um homem cansado, impaciente, que esvaziou uma garrafa de Jack Daniels Reserva e que a dada altura até pensava que estava em Praga, na então Checoslováquia. Consta que no final do concerto nem sequer quis cumprimentar Amália Rodrigues, que lá estava para saudá-lo, referindo-se à fadista em termos pouco abonatórios.
Obviamente que tudo isto não passa de fait-divers vindos de uma das maiores estrelas da história e que em nada eclipsam o brilho da sua carreira. Sinatra maravilhou gerações inteiras, viveu como quis, quase sempre embrulhados nos seus impecáveis smokings, de jato privado em jato privado, um bon vivant, mulherengo, adepto dos jogos de cartas, a rir-se das acusações que o davam como próximo da máfia. Até as suas passagens pelo cinema não passaram despercebidas. Frank Sinatra acabou por morrer, traído pelo coração, a 14 de maio de 1998, em Los Angeles.
O centésimo aniversário do seu nascimento vai ser celebrado um pouco por todo o mundo. Em Lisboa, o Centro Cultural de Belém promove este sábado uma homenagem que envolve uma conversa informal moderada por Nuno Galopim e com convidados como Ruben de Carvalho, Miguel Guedes, João Lopes e Jorge Costa Pinto. O diálogo será cruzado com projeções de imagens de filmes de Sinatra e Miguel Guedes deverá cantar algumas canções de Sinatra acompanhado por Joaquim Rodrigues e Bruno Macedo.
No capítulo das homenagens, assinale-se ainda a rádio Smooth FM que hoje dedica 24 horas só à música de Frank Sinatra.
