<p>Rico Amor e Evandro Brandão são portugueses e jogam nas camadas jovens do Manchester United. O primeiro actua com as botas de Ronaldo, o segundo já foi confundido com Anderson e diz que Ferguson sabe falar português.</p>
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Quando o adepto português começa a pensar no Manchester United, chega depressa a dois nomes: Cristiano Ronaldo e Nani. Na perspectiva lusitana, o poderoso clube inglês não se resume só ao duo maravilha de Sir Alex Ferguson. Os "red devils" têm mais dois portugueses: Rico Amor e Evandro Brandão, dois jovens avançados muito promissores, estrelas emergentes da academia. Ambos vão assistir, em Old Trafford, ao jogo com o F. C. Porto, na terça-feira, da primeira mão dos quartos de final da Liga dos Campeões. "Quem passar esta eliminatória será campeão europeu", dizem.
Rico Amor tem 15 anos e joga com as chuteiras de Cristiano Ronaldo, oferecidas pela mão do melhor jogador do Mundo. Foi com elas que marcou 40 golos e se sagrou, na época passada, o melhor marcador de todos os escalões jovens do Manchester United. As botas até têm a assinatura do craque: "Quando olho para os pés e vejo o nome dele sinto uma grande responsabilidade". Ao lado, Evandro Brandão, 18 anos, atira: "Agora, está explicado por que marcaste tantos golos". O adolescente sorri: "Tenho a sorte de calçar o 42, o mesmo número do Ronaldo". O azar de Evandro, que também tem umas botas oferecidas pelo madeirense.
A história de Rico Amor no Manchester United começou pela mão do pai, Gil Gomes, ex-treinador do clube, campeão do Mundo de sub-20. Foi ele quem pediu a Carlos Queiroz para que o filho treinasse no poderoso clube inglês. "O meu padrinho disse que sim. Só fiz um treino e assinei logo." Foi assim que começou o sonho. "Sou um jogador rápido, um avançado móvel e gostava muito de jogar na primeira equipa do Manchester United". Diz que é sportinguista e aposta na vitória dos ingleses diante do F. C. Porto: "Ganham por 2-1. O Manchester é muito forte no contra-ataque".
Evandro Brandão, 18 anos, está ao lado a ouvir o amigo. Também é avançado, chegou aos "red devils" há quatro anos, quando captou a atenção de um olheiro durante um torneio. Usa tranças, o que já lhe valeu um episódio caricato: "No dia dos jogos, os jogadores da formação têm de ir ao estádio de fato-de-treino. Um grupo de adeptos confundiu-me com o Anderson e começou a pedir-me autográfos". Mas depressa desfez o engano. Na terça-feira, vai ter o coração dividido: "Sou portista por influência de um tio e porque gostava muito do Capucho. Não será fácil. Quero que ganhe o melhor. A defesa do F. C. Porto tem de estar muito concentrada".
Na Academia, Evandro Brandão é comparado a Drogba e contacta muitas vezes com os jogadores da equipa principal. Há uma revelação curiosa: "O Ferguson sabe dizer várias palavras em português e costuma dizer-me 'olá, está tudo bem?'" Foi Carlos Queiroz quem ensinou o treinador escocês, que também costuma praticar com Ronaldo, Nani e Anderson. Em final de contrato, não sabe se irá renovar e não descarta a possibilidade de jogar em Portugal: "Sei que há abordagens, mas deixo isso para o meu empresário".
No Manchester United, os jogadores das camadas jovens têm de cumprir várias regras impostas pelo clube. Vivem em famílias de acolhimento, são obrigados a estudar e os mais jovens, como Rico Amor, estão proibidos de andar no centro da cidade sem a companhia de um adulto. Na terça-feira, os dois vão ao jogo, quem sabe tentar um autógrafo de Hulk, o jogador que mais admiram no F. C. Porto.