<p>A relação com os sócios e o crescimento do número de associados é a pedra basilar do projecto de Paulo Pereira Cristóvão para o Sporting. O candidato da oposição promete um pavilhão e assume um tecto salarial de 20 mil euros nos vários órgãos do clube e SAD.</p>
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O seu programa tem como base o aumento do número de sócios. Como planeia recuperá-los?
Com Dias da Cunha tínhamos 70 mil em condições de votar e agora temos 25 mil. Dá que pensar. Estes são os verdadeiros notáveis do Sporting. Temos de lhes provar que compensa ser sócio e não adepto. Há que mudar o paradigma que vem do tempo de Soares Franco em que os sócios são um empecilho. Há que lhes dar condições preferenciais. Passa por termos, por exemplo, uma sala de sócios condigna.
Como vão ser as relações com os outros grandes?
Sempre que o Sporting fez alianças não ganhou títulos. Sou contra qualquer tipo de alianças e de guerras. Temos de defender os superiores interesses do Sporting. Por isso, as relações serão normais, mas se algum deles tentar prejudicar-nos terá de se ver comigo e com a direcção.
A construção de um pavilhão é uma prioridade. Garante que o vai fazer? E como o pagará?
Nem que fosse a última coisa que fizesse na vida. É uma questão fulcral. Localizamos dois sítios. Um nas antigas piscinas do Campo Grande, onde funcionava a natação do Sporting e sobre o qual existe um concurso internacional que a actual direcção ignorou. Temos um plano B, perto de Alvalade, que não quero divulgar. Temos assegurada a construção a custo zero através do naming. Nunca terá menos de 2500 lugares.
Já assumiu que vai ser pago. Qual será o tecto salarial do Sporting?
Será de 20 mil euros na SAD e clube. Faremos um emagrecimento da massa e leque salarial. Defendo a política de prémios de mérito. Mas ser premiado por ficar em segundo é de doidos e de gulosos.
Defende um maior espírito de coesão e cultura sportinguista. Como planeia transmitir isso aos atletas?
No que de mim depender, um jogador do Sporting entra às nove e sai às 17. Assim tem um dia inteiro para treinar, controlar a alimentação e estudar os adversários. Jogador castigado, no fim de semana vai ter de desempenhar as componente social. Mas, se calhar, nem toda a gente vai estar preparada para estes níveis de exigência. Veja-se o que foi a saída dos jogadores para férias. As declarações mostraram que a paz estava podre e que o rei vai nu. Comigo, o discurso ou é um ou não há discurso.
Se chegar a tempo de impedir a venda de Miguel Veloso fa-lo-á?
Numa altura em que se sabe que o Miguel Veloso tem de ser vendido, o Sporting desvaloriza-o. Tenho a informação de que vai acabar por ser vendido mais barato do que a proposta de Dezembro. E quem é que vai ser responsabilizado? A auditoria que vamos promover não será só financeira, mas também procedimental. As pessoas têm de responder por procedimentos que oneraram o clube em milhões. Admito processos crime e cíveis, obviamente.
O Sporting vai voltar à Liga consigo?
O Sporting nunca devia ter saído da Liga. Não pode sair dos órgãos de decisão. Os interesses do Sporting terão de ser protegidos, umas vezes publicamente, outras de forma mais subtil. O verde, comigo, vai pesar mais.
Propõe-se aumentar as receitas em 18%. Que medidas vai tomar?
O merchandising é extremamente importante, acredito que vamos fazer muito dinheiro, pela primeira vez, com a camisola de um treinador. Os direitos de imagem têm de ser explorados de forma diferente. O Sporting pode emagrecer e muito na sua SAD e estrutura.
Bettencourt admitiu o passivo de 360 milhões? Assusta-o?
O passivo não me assusta. O que me preocupa é o défice de tesouraria. Dentro do nosso pragmatismo e da banca, chegaremos a uma solução de consenso que permita desafogarmo-nos nos primeiros tempos. Apontamos para uma redução de 30 milhões de passivo no final do mandato. Queremos fazer bons negócios com vendas de direitos desportivos.
Pretende baixar o custo dos bilhetes?
Não vamos pedir aos sócios para darem dinheiro da sua carteira. O que lhes pedimos é que comprem os seus lugares, adquiram merchandising. Até porque interessa-me mais vender bilhetes a cinco euros. Prefiro ganhar o mínimo dos mínimos e ter o estádio cheio.
Soares Franco diz que as suas propostas são demagógicas. Como reage a esta afirmação?
Demagogo é quem na mesma entrevista diz: não me vou meter na campanha eleitoral e três parágrafos à frente apela ao voto num candidato. Como o cargo que ele ocupa ainda devo respeito, não lhe respondo à letra porque se calhar seria demasiado demolidor para ele.