
As equipas do Collegio Urbano (à esquerda) e da Gregoriana
DR
Três craques portugueses, seminaristas, entram na semifinal do Paraíso e lutam pelo título na Clericus Cup, o campeonato de futebol do Vaticano.
Depois das fintas e dos golos de Carlitos Tevez, de Cristiano Ronaldo, de Lionel Messi e também do bom do Boateng, mais uma liga de campeões", a Clericus Cup, campeonato do Vaticano que envolve 382 jogadores, entre padres e seminaristas, estudantes de Teologia, de 67 países, em representação de 16 equipas. Entre os craques de sotaina, três portugueses, dois deles já em aquecimento para a primeira semifinal do torneio, a disputar este sábado. E, quem sabe?, um quarto patrício, assim Capela seja eleito para arbitrar o encontro, embora não conste que Vítor Pereira esteja para aí virado.
O primeiro finalista será encontrado no confronto entre dois seminários: o Collegio Urbano e a Pontificia Universitá Gregoriana, esta com dois craques portugueses de 29 anos, João Brandão e Rosado Duarte. Este, de resto, é já considerado um dos melhores jogadores do torneio. Foi ele, com o pé de Deus, que marcou um dos três golos da vitória por 3-0, nos quartos-de-final, sobre o Collegio Spagnolo, que era apontado com um dos maiores favoritos ao triunfo, não fosse, de resto, capitaneado por um tal Don Iniesta...
João e Rosado chegam à semifinal do Paraíso outra vez sem o favoritismo das apostas, porque, pela frente, terão a equipa mais temível do torneio, a do Collegio Urbano, composta por estudantes africanos, na maioria camaroneses e nigerianos, na casa dos 20, que correm e jogam o dobro dos restantes concorrentes. Os Leões de África, como lhes chamam, chegaram às meias-finais a colecionar goleadas. Ainda assim, João e Rosado vão a jogo a pensar na final do dia 23, que pode ter outro português, Eugénio Lopes, médio de 29 anos, que alinha pelo colégio Mater Ecclesiae (semifinal no dia 17, com o colégio Sedes Sapientiae).
Seja como for, o vencedor do torneio será sempre o espírito que preside ao torneio. Não por acaso, todas as equipas são simbolicamente capitaneadas pelo Papa, sabendo-se que o próprio Francisco, fanático do futebol, vê na universalidade da bola um sinal da comunhão cristã. Até porque "mens sana in corpore sano" é também um sinal da predileção da Igreja pelo Desporto. Ou como, na transversalidade do credo, também se encontra o pretexto para o que verdadeiramente interessa. Muito mais do que as fintas, os chutos na esférica, os golos e a glória do triunfo, o que estes padres desportistas pretendem é contrariar uma certa ideia beata do recolhimento no exercício do magistério de Deus.
