O Sindicato Nacional dos Motoristas acusou hoje, terça-feira, a Carris de pressionar os trabalhadores para continuarem ao serviço, acusação negada pela empresa que atribui a fraca adesão à greve “ao elevado sentido de responsabilidade" dos trabalhadores.
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A adesão à greve situa-se nos 40%, avaliou o coordenador do Sindicato Nacional dos Motoristas (SNM), Manuel Oliveira, que acredita, no entanto, que esta percentagem pode aumentar durante o dia "porque os autocarros que saíram vão ter de render".
O sindicalista alertou, no entanto, para a possibilidade de os motoristas que estão agora a circular com os autocarros se manterem ao serviço, criando problemas de segurança.
"É natural que os motoristas, por terem sido pressionados pela administração [da Carris] estejam com uma carga horária excessiva e isto pode dar origem a acidentes. Estamos a falar de motoristas que terminaram a sua jornada de ontem por volta da meia noite ou uma da manhã e hoje, às 6 da manhã, já pegaram novamente ao serviço", justificou.
Manuel Oliveira afirmou que "há motoristas que estão a fazer dois serviços num único dia", ou seja 16 horas, sem que os tempos de descanso sejam respeitados, colocando em causa a segurança de pessoas e bens.
De acordo com o secretário-geral da Carris, Luís Vale, pelas 7 horas, a Carris tinha garantida 85% da sua oferta, com 510 dos 600 autocarros programados para o serviço a circular, enquanto que a rede de eléctricos funcionava a 100%.
“A esmagadora maioria dos trabalhadores não aderiu a esta greve, evidenciando elevado sentido de responsabilidade e de respeito pelas obrigações de serviço público", sublinhou, refutando as acusações do Sindicato Nacional dos Motoristas, segundo o qual a empresa estaria a pressionar os condutores dos autocarros para se manterem ao serviço.
"Todos os trabalhadores são livres de aderir à greve, isso é uma decisão que compete a cada um", salientou Luís Vale, lembrando que uma outra greve convocada já em 2010 teve um adesão muito diminuta, "o que significa que não é de hoje que os trabalhadores não aderem à greve".
Ainda de manhã, Manuel Oliveira apelou às autoridades para "fiscalizarem estes autocarros que andam ao serviço" da Carris. O dirigente da SNM garantiu que a empresa usou outros "subterfúgios" para mobilizar os motoristas, ameaçando os contratados a prazo de que poderiam não ter o seu contrato renovado e outros trabalhadores de que perderiam o prémio pecuniário a que têm direito.