
A fugir da crise na Europa, os empresários portugueses focaram-se no mercado brasileiro
Lisa Soares / Global Imagens
A fugir da crise na Europa, os empresários portugueses focaram-se no mercado brasileiro, o que levou a uma alta de 50,6% nas exportações para o Brasil, apenas nos primeiros sete meses do ano.
De acordo com Arlindo Varela, representante da Câmara Portuguesa de Comércio e Indústria do Rio de Janeiro, o crescimento ocorreu em função de um "redireccionamento" das exportações portuguesas, tradicionalmente voltadas para os parceiros europeus.
"Portugal sempre teve como foco de seu comércio exterior a União Europeia, com praticamente 80% de suas exportações destinadas aos parceiros europeus. Agora, com a redução do consumo nesses países, devido à crise, isso despertou o interesse em expandir as vendas no Brasil", explicou Varela à Lusa.
Segundo dados do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio brasileiro, o volume total negociado entre os dois países, no primeiro semestre deste ano, foi de 1,32 mil milhões de dólares (cerca de 574 mil milhões de euros), o que representou uma alta de 52 por cento em relação ao montante contabilizado no ano primeiro semestre do ano passado.
"O aumento ocorreu dos dois lados. Tanto Brasil exportou mais para Portugal, quanto Portugal exportou mais para o Brasil. Nossa balança comercial sempre fica superavitária para o Brasil, porém, proporcionalmente, tem havido um aumento maior das exportações portuguesas", destaca.
A considerar os sete primeiros meses do ano, de janeiro a julho, houve um aumento de 52,91% nas exportações brasileiras para Portugal, acompanhados de uma alta de 50,64% das exportações portuguesas para o Brasil.
O crescimento expressivo - que ele vê como uma tendência a ser esperada também para os próximos meses - teve ainda mais peso para Portugal, proporcionalmente, durante o passado.
Em 2010, as exportações portuguesas para o Brasil cresceram em 33%, em relação a 2009, enquanto as exportações brasileiras para Portugal aumentaram em 18%, na mesma base comparativa.
Varela explicou que os empresários portugueses tanto passaram a explorar mais os mercados nos quais já actuavam -- com destaque para produtos básicos e alimentos, como azeite, vinhos e bacalhau - como começaram a buscar outros nichos, até então pouco explorados.
"O Conselho realizou uma pesquisa e formulou uma lista dos mercados em que havia potencial de crescimento para produtos portugueses. São produtos que Portugal produz e o Brasil consome, mas ainda não compravam de fabricantes portugueses", explica.
A lista à qual se refere possui quase 50 itens que vão desde peixes secos e salgados (além do bacalhau) até peças de aparelhos eléctricos e electrónicos. A intenção é seguir o ritmo e buscar ainda novos sectores inexplorados.
Para tanto, ele lembra que no próximo dia 16 se realizará, no Rio de Janeiro, o 6º Encontro de Negócios Brasil-Portugal, que conta com o apoio do Conselho das Câmaras portuguesas.
O evento, que se tem realizado a cada dois anos, servirá como plataforma de debate para discutir as oportunidades de negócios entre os dois países, com foco nas potencialidades que virão a partir dos dois grandes eventos desportivos que o Brasil sediará em 2014 e 2016.
