
O presidente do BES defendeu, esta quinta-feira, que é necessário modernizar os portos portugueses, melhorar as redes de caminhos de ferro e ter aeroportos com capacidade de receber aviões Airbus 380, uma vez que Portugal está no centro da globalização.
Ricardo Salgado falava no painel "Como vender Portugal lá fora", no âmbito da conferência Made in Portugal, organizado pelo Diário de Notícias, que decorre em Lisboa.
"É fundamental modernizar os portos, alterar a legislação trabalhista dos portos, melhorar as redes de caminho de ferro para o interior da Europa e ter aeroportos onde possam aterrar Airbus 380", disse o banqueiro.
"Temos de ter uma capacidade de gerir movimento", acrescentou.
Ricardo Salgado sublinhou que Portugal não é "apenas um pequeno país periférico", mas sim o "país mais próximo dos países da América Latina e de África".
"Estamos no centro da globalização", frisou.
Revisão da meta de capital
O presidente do BES disse que seria uma "excelente notícia" se o regulador bancário europeu revisse a imposição de os bancos terem um rácio de capital 'core tier 1' de 9% até final de Junho.
"Seria uma excelente notícia" se a Autoridade Bancária Europeia (EBA em ingês) aliviasse os rácios exigidos, salientou.
Na quarta-feira, foi conhecido que a EBA está a estudar a eventualidade de rever a necessidade de os bancos terem um rácio 'core tier 1' de 9% (a forma mais exigente de analisar a solvabilidade de um banco) até final de Junho, devido às medidas que os governos estão a tomar para ultrapassar a crise da dívida soberana.
"A necessidade de manter esta meta, e a sua dimensão, será revista se, e quando, as políticas que estão a ser implementadas para combater a crise da dívida soberana tiverem efeito sobre o preço dos títulos de dívida governamentais", revelou Andrea Enria, presidente da EBA (sigla em inglês), em declarações feitas em Roma.
Há um mês, o regulador europeu disse aos bancos que estes tinham que juntar 114,7 mil milhões de euros em capital até ao final de Junho, como parte das medidas introduzidas para responder à crise da dívida soberana na zona euro. Quanto aos bancos portugueses, estes precisariam de um total de 6.950 milhões de euros para reforçarem os seus níveis de capital, de acordo com os critérios estabelecidos pela EBA, divulgados no início de Dezembro.
Já na quarta-feira Andrea Enria afirmou que "estas medidas têm que ser acompanhadas por políticas credíveis e eficientes para solucionar a crise da dívida".
Ricardo Salgado disse, também, que "o sistema bancário europeu não está a funcionar", recordando que "há poucos dias, o Banco Central Europeu (BCE) facultou um aumento significativo de recursos aos bancos e os bancos voltaram a reaplicar esses recursos no BCE".
O presidente do BES adiantou que o que está em causa é um "problema de confiança que está relacionado com a obrigatoriedade de os bancos terem de cumprir rácios e de capital muitíssimos elevados e muitíssimos pesados".
