O coordenador do BE, Francisco Louçã, considerou hoje que a "disputa" pelos fundos comunitários "é muito revelador da desagregação política de um Governo", antecipando que "no Ministério da Economia talvez fique um guichet para registar as falências das empresas".
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Durante um almoço com simpatizantes em Braga, Francisco Louçã falou da questão dos fundos comunitários, depois de o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, ter afirmado que o ministro das Finanças terá uma palavra "decisiva" na reprogramação e reafectação estratégica dos fundos comunitários, embora a coordenação destas verbas permaneça no Ministério da Economia.
Na opinião do líder do Bloco de Esquerda, "esta disputa que houve, na gritaria do Conselho de Ministros da passada quinta-feira, em que, com o primeiro-ministro em Bruxelas, o ministro das Finanças quer ficar com os dinheiros geridos dos fundos comunitários que eram atribuídos ao ministro da Economia e o ministro da Economia quer ficar com essa prerrogativa", é "muito reveladora da desagregação política de um Governo oito meses depois de ter sido formado".
"É muito revelador de uma fase de dissolução, de crise, de dificuldades de um Governo, que, perante a não resolução do problema, um dos dois ministros, não sabemos qual, tenha vindo para a opinião pública dizer: estamos aqui a lutar pelo controlo dos fundos comunitários", condenou.
Na opinião de Francisco Louçã, "no Ministério da Economia talvez fique um guichet para registar as falências das empresas e o aumento do desemprego e das dificuldades. Mas economia não há".
"Política de emprego, nem pensar. Resposta às pessoas, tirem daí a ideia. Rendimento máximo garantido para quem tem tudo fácil na economia, certamente. Subsídios, mordomias, apoios, prerrogativas, o que quiserem", criticou.
Para o coordenador bloquista, "mais revelador ainda é o facto de o Ministério da Economia, onde tinham que estar políticas para o emprego, para a economia, para a sociedade, ir perdendo talhões dos seus poderes".
"Parcerias público-privadas já é outro que vai gerir, emprego jovem já é outro que vai tratar, este dossier e aquele, agora os fundos comunitários, alguém mais responsável tem que tomar conta do assunto. Para as pessoas, para os desempregados, nenhum apoio. Não há investimento, o país fechou as portas, está na falência, vive para a dívida, vive para pagar juros, trabalha-se para pagar juros, trabalha-se para a usura, para a ganância, para a finança, e por isso é que é preciso uma esquerda de confiança", disse.