
O Bloco de Esquerda apresentou na Assembleia da República um projeto de resolução com vista à eliminação dos aumentos recentes no preço dos títulos de transportes, anunciou, esta quarta-feira, coordenadora do partido, Catarina Martins.
"Apresentámos já um número de iniciativas sobre esta matéria no Orçamento do Estado, tentámos impedir que os passes pudessem aumentar mais do que a inflação. Vemos agora no início do ano que aumentaram em muitos casos mais de 20%. Temos agora um projeto de resolução na Assembleia da República lica para que estes aumentos não possam acontecer", afirmou hoje Catarina Martins, em Lisboa.
A coordenadora do Bloco de Esquerda esteve esta quarta-feira de manhã, juntamente com outros militantes do partido, como a deputada Ana Drago, junto à estação de metro do Campo Grande, em Lisboa, a apresentar o projeto do BE contra o "aumento abusivo dos transportes".
Catarina Martins referiu que o projeto de resolução apresentado é também "para que voltem os passes [próprios] do Metro e da Carris", extintos no final do ano passado.
A partir de janeiro deste ano passou a estar disponível em Lisboa apenas um único título mensal - o Navegante - que custa 35 euros e permite fazer viagens em três operadores: Metro, Carris e CP (nos percursos Belém-Cais do Sodré, Benfica-Rossio, Benfica-Oriente, Oriente-Santa Apolónia e Alcântara Terra-Oriente).
O BE considera que os transportes públicos têm tido "aumentos incomportáveis para as famílias".
Catarina Martins recorda que", no último ano, houve aumentos acima dos 30%, e para as crianças, jovens, estudantes e pessoas de mais idade houve aumentos de mais de 100%, com o fim de parte dos passes".
O despacho governamental que estabelece o aumento dos transportes foi publicado a 19 de dezembro e fixou em 0,9% o aumento médio para 2013, confirmando o que o secretário de Estados dos Transportes já havia assumido quando garantiu que os aumentos iriam ficar "em linha com a inflação" prevista no Orçamento do Estado para 2013, ou seja, 0,9 por cento.
As tarifas tiveram um aumento médio de 4,5% em janeiro de 2011, decidido ainda pelo anterior governo de José Sócrates, e voltaram a sofrer uma subida intercalar de 15% em agosto do mesmo ano, cerca de um mês depois de o Governo de Pedro Passos Coelho entrar em funções.
Em janeiro de 2012, os transportes aumentaram mais 5 por cento.
A título de exemplo, o passe mensal do Metropolitano de Lisboa aumentou 65% em dois anos: no início de 2011 custava 19,55 euros, com o aumento intercalar de agosto passou para 23,90 e em janeiro de 2012 subiu para 29 euros.
"Neste momento, uma família que viva na periferia de Lisboa paga 180 euros para chegar a Lisboa, pai, mãe e dois filhos. Isto é incomportável. Quem pode vem de carro, quem não pode fica sem direito a transporte", disse Catarina Martins.
Os transportes públicos perderam 33 milhões de passageiros entre janeiro e setembro de 2011 e este ano, de acordo com os dados contabilizados pelo Instituto Nacional de Estatística.
Nos primeiros nove meses de 2012, os barcos, comboios e Metropolitano de Lisboa e Porto transportaram cerca de 278 milhões de passageiros, uma descida de 10,6% face aos mais de 311 milhões de utilizadores que usaram estes transportes no mesmo período de 2011.
Na Carris, entre janeiro e outubro deste ano viajaram 144 milhões de passageiros, menos 22% do que do que nos primeiros dez meses de 2011 (185 milhões de passageiros).
A coordenadora do BE acrescenta que "há já 12 milhões menos de utentes dos transportes públicos em Portugal" e defende que "o que o Governo está a fazer é acabar com a mobilidade, acabar com os transportes públicos e tornar o quotidiano das pessoas ainda mais difícil, numa altura em que os salários são ainda mais reduzidos".
