No preciso momento em que Portugal regressava à incerteza política, António Horta-Osório recebia, ontem à noite, em Londres, o Prémio de Melhor Banqueiro do Mundo, da revista "Euromoney".
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Para chegar ao banqueiro português que lidera o Lloyds foram avaliados bancos de cem países e compararam-se os resultados entre 1 de abril de 2012 e 31 de março de 2013. "Decisões duras tomadas em momentos críticos ajudaram a reavivar o Lloyds. Agora, Horta-Osório pode concentrar-se em fazer o melhor do maior banco do Reino Unido", disse o porta-voz da Euromoney.
Foram 12 meses difíceis, com momentos turbulentos e no limite da resistência, mas os resultados começam a estar à vista. A capitalização bolsista do Lloyds atingiu 55 mil milhões de euros, ombro a ombro com o Santander, maior instituição financeira da zona euro, onde trabalhou quase duas décadas. No último ano, as ações subiram 117% - e foi a melhor ação de banca no mundo nos últimos 18 meses -, a dívida caiu abaixo de 50 mil milhões de libras, quando há dois anos tocava os 250 mil milhões, e para o ano deve haver lucro.
Para os acionistas, são ótimas notícias, já que significa que o Lloyds voltará a distribuir dividendos com impacto depois de uma longa carestia e resultados negativos desde 2008. Talvez o ponto mais importante da recuperação do maior banco do Reino Unido não seja no entanto esse, mas outro: o Estado inglês foi obrigado a entrar no capital do Lloyds há quatro anos, para evitar uma falência. O Tesouro fez a compra a 61 pence/ação. Hoje, vale 66 pence, o que significa que a nacionalização parcial (Estado ainda tem 39%) vai ser desfeita nos próximos meses com lucro para os contribuintes e vantagem para a economia.
Desde que entrou no Lloyds, a 1 de março de 2011, que Horta-Osório tinha como objetivo limpar o balanço, recheado de ativos tóxicos, assumir perdas - em vez de as empurrar com a barriga - e dar novo impulso estratégico ao grupo. Foram dois anos de enorme desgaste, como ficou demonstrado com a crise de saúde que levou o CEO a uma pausa forçada de seis semanas, oito meses depois de assumir o cargo (leia tudo amanhã, no suplemento Dinheiro Vivo).
Ajudou economia
Mas o banqueiro recuperou e, diz a "Euromoney", ainda ajudou a economia do Reino Unido: aumentou o crédito às PME em 4%, enquanto o mercado contraía 4%. E foi responsável por um em cada quatro créditos à habitação a primeiros compradores de casa.
Nova estratégia
"Em dois anos, passámos a ser um grupo absolutamente centrado no cliente, um banco comercial de risco baixo, simples e integrado nas comunidades de negócios locais. Temos uma nova cultura de gestão e trabalho", explicou ontem Horta-Osório, que nos dois últimos anos prescindiu do prémio de gestão. Só em 2011, renunciou a 2,8 milhões, 225% da remuneração fixa. Para o ano, já deve ser diferente.