O Banco Espírito Santo (BES) teve prejuízos de 381 milhões de euros entre janeiro e setembro, o que contrasta com os lucros de 90,4 milhões de euros do mesmo período do ano passado, divulgou o banco em comunicado.
O banco liderado por Ricardo Salgado justificou, na informação enviada à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), que o programa acordado com a 'troika' que Portugal está a executar "tem tido repercussões no número de insolvências das empresas e no aumento do desemprego com impactos relevantes no desempenho do setor financeiro português e também no Grupo BES".
Ainda nos primeiros nove meses do ano, o produto bancário no período dos nove caiu 23,7% em termos homólogos para 1.430 milhões de euros e o custo com as imparidades subiu 42,1% para 1.069 milhões de euros, "determinando o apuramento de um prejuízo de 381 milhões de euros", justificou o BES.
O BES destaca, no entanto, que no terceiro trimestre foi necessário um "menor reforço de provisões", com os 321 milhões de euros provisionados entre julho e setembro a compararem com os 507 milhões de euros do segundo trimestre.
"Este é o momento de provisionar", assinalou o presidente do BES, Ricardo Salgado, na conferência de imprensa de divulgação das contas, apontando para a política cautelosa seguida pelo grupo face à difícil conjuntura económica do país.
O total de crédito concedido atingiu os 49,9 mil milhões de euros, uma queda de 1,6% face a igual período de 2012.
Por seu turno, os depósitos de clientes cresceram 8,3% para quase 36 mil milhões de euros.
O rácio de transformação (crédito sobre depósitos) atingiu 129%, face aos 137% apurados no final do ano passado.
Já o rácio de capital 'core tier 1' fixou-se nos 10,4%, acima do mínimo de 10% exigido pelo Banco de Portugal. Quanto às regras da Autoridade Bancária Europeia (EBA, na sigla em inglês), este rácio situou-se nos 9,6%, quando o requisito mínimo é de 9%.
Os custos operativos do grupo, em base comparável, baixaram 1,1% e os custos domésticos desceram 4,8%, graças ao recuo dos custos de pessoal (-4,7%), quer dos custos com serviços e fornecimentos de terceiros (-5%).
O rácio de crédito vencido há mais de 90 dias aumentou para 5,6% e o rácio de crédito em risco atingiu 11,3%.
Pela positiva, nota para o contributo positivo de 30,9 milhões de euros da área internacional.
Os ativos totais recuaram 2,7% para cerca de 93 mil milhões de euros.
