Grupo Jerónimo Martins critica "farsa" sobre o que se diz da relação com fornecedores

O presidente do Grupo Jerónimo Martins classificou como "uma farsa" as críticas à relação entre a grande distribuição e os fornecedores e avisou que a nova lei do comércio vai favorecer os mais fortes e prejudicar os mais fracos.
"É uma farsa. Se a nossa relação com os fornecedores tem mais de uma dezena de anos é porque existe estabilidade e as partes continuam satisfeitas. É lógico que se o fornecedor A nos fornece laranjas e nós optámos pelo A e não pelo B, o B vai ficar sempre chateado. Paciência, faz parte da vida e faz parte do negócio", disse Pedro Soares dos Santos, durante a conferência de imprensa, em Lisboa, para a apresentação de resultados.
O presidente do Conselho de Administração do grupo reforçou que a Jerónimo Martins não podia ter as vendas, a aceitação e os padrões de qualidade que tem hoje se a relação não fosse estável e forte e não houvesse uma grande confiança e comparou a relação com os fornecedores àquela que existe "entre marido e mulher", na qual "também há sempre discussões".
"Entre nós e eles também há muitas vezes discussões em função do que se está a passar no mercado e todos temos de nos reajustar. O importante é manter um objetivo comum: ganhar dinheiro e servir o consumidor da forma como servimos", afirmou.
Por isso, sobre a nova lei das práticas individuais restritivas do comércio (PIRC), que entrou em vigor na terça-feira, Pedro Soares dos Santos frisou que esta "teve uma certa bondade do legislador, mas este mais uma vez não soube legislar".
"Há uma coisa muito clara, os mais fortes sairão mais fortes e os mais fracos, pequenos e médios, sairão a perder do lado da produção", avisou.
Pedro Soares dos Santos lembrou que foi a indústria, principalmente das marcas, a Centromarca, quem quis a alteração da Lei e constatou que "agora são eles que estão a pedir a própria suspensão da lei".
"Se o objetivo era o contrário acho que não conseguiram atingir e é pena. Se tivesse havido mais diálogo com a grande distribuição, talvez se tivesse encontrado um consenso. Agora vamos ver como vai andar este processo", afirmou.
Questionado sobre se a empresa já teve de alterar contratos com os fornecedores, após a entrada em vigor da Lei, o presidente do grupo afirmou não ter conhecimento de algum problema com os fornecedores do Pingo Doce e do Recheio ou de que algum deles tenha deixado de fornecer.
"Temos um ano para adaptar as coisas, é muito cedo, daqui a seis meses pode fazer-se um balanço muito mais sério do que agora. Fazer balanços nesta fase é muito difícil", disse.
Durante a apresentação de resultados, Pedro Soares dos Santos reforçou várias vezes que o grupo "quer fazer parte das economias locais", seja em Portugal, onde 80% dos produtos são comprados a produtores nacionais, seja na Polónia ou na Colômbia.
