
"Suprimido" marcou os placards informativos da CP
Fernando Pereira/Global Imagens
Greves na CP terão impactos na circulação até ao final de segunda-feira
Só este sábado vai ser possível viajar de comboio com alguma garantia de haver transporte. As greves de cinco dias previstas para o período da Páscoa dão tréguas neste sábado. De resto, o panorama desta sexta-feira deve repetir-se no domingo e na próxima segunda-feira, e ser muito idêntico ao que se viveu ontem um pouco por todas as estações ferroviárias do país: muita expectativa por parte dos passageiros, mas poucos ou nenhuns comboios, nem sequer serviços mínimos.
Na prática, as greves refletiram-se sobretudo na circulação dos suburbanos, do Porto e Lisboa, embora o principal impacto tenha sido nos regionais, que estiveram parados a 100%.
Em termos de longo curso, só os alfas pendulares mantiveram a sua operação dentro da normalidade. Já dos 31 Intercidades, só se realizaram 19.
No total, o balanço oficial da CP até às 16 horas dava conta de apenas terem circulado 97 comboios, de um total de 853 previstos até aquela hora. A empresa estimava que, até ao final do dia, se realizassem 11% dos percursos.
Pode ainda pormenorizar-se que, nos suburbanos do Porto, dos 170 que deveriam ter circulado, só 15 o fizeram; enquanto nos de Lisboa, a proporção foi de 49 em 408 previstos.
1,1 milhões afetados
A greve de ontem foi promovida pelo sindicato dos revisores e pessoal de bilheteira (SFRCI), que a repete na próxima segunda-feira. Hoje, é a vez da paralisação contra o trabalho em dia feriado e horas extraordinárias, a repetir no domingo. Apesar de ter sido dinamizada pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Setor Ferroviário (SNTSF), conta com a adesão do SFRCI.
É expectável que as greves afetem 1,1 milhões de passageiros, estima a CP, tendo por referência a quantidade de pessoas transportadas no período dos cinco dias da Páscoa do ano passado. Para os sindicatos, "o único responsável por isso é a CP, que deixou a situação chegar a este ponto", afirmou António Lemos, dirigente do SNTSF. Mas a CP, sem comentar a adesão à greve ou os motivos, apenas lamenta que o Tribunal Arbitral do Conselho Económico e Social não tenha definido serviços mínimos. "Permitiriam garantir o transporte de passageiros neste período", sustentou Ana Portela, porta-voz da transportadora.
A dívida da discórdia
Segundo António Lemos, os dois sindicatos partilham os motivos do protesto. Na origem está uma dívida dos subsídios de Natal e férias, desde 1996. Ganharam o processo no Supremo Tribunal, mas aguardam um acordo da empresa sobre o assunto. António Lemos admite que a receita das viagens dos cinco dias em causa já daria para pagar essa dívida.
O congelamento das diuturnidades, das progressões na carreira, e no recrutamento de pessoal completam as razões da luta, ainda de acordo com o sindicalista. v
Revisores parados
l Os revisores CP agendaram uma greve de quatro dias (2, 3, 5 e 6 de abril) para reclamar o cumprimento da decisão dos tribunais relativa ao pagamento dos complementos nos subsídios desde 1996. A convocatória é assinadas pelo Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante (SFRCI) e pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Sector Ferroviário (SNTSF).
Fectrans nos feriados
À paralisação dos revisores junta-se a greve ao trabalho em dia feriado convocada pela Federação do Sindicato dos Transportes e Comunicações (Fectrans) para a sexta-feira santa e para o domingo de Páscoa.
