O antigo internacional português pousou as chuteiras e abraçou ao Corão. Agora, Abel Xavier dá pelo nome muçulmano de Faissal.
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"Este nome lisonjeia-me bastante, porque é um nome bastante histórico na família muçulmana, porque foi o nome de um rei muito conceituado, um guerreiro, e digamos que é a espada entre o bem e o mal, o nome Faissal", explicou o ex-futebolista, em conferência de imprensa.
Ladeado por dois representantes da comunidade muçulmana de Rassul-Khaimah, dos Emirados Árabes Unidos, Abel Faissal Xavier, de 37 anos, revelou o "fascínio" pela cultura islâmica, despertado durante a sua experiência nos turcos do Galatasaray.
"Vivendo na comunidade islâmica na Turquia, no Galatasaray, soube separar o meu fanatismo, em relação à minha imagem em relação ao futebol, e este conforto fez-me questionar, uma forma de aceitação diferente", sublinhou.
Após experimentar os valores de "partilha, convívio, integração, aceitação e paz", conferindo-lhe "conforto" e "bem-estar", para "abraçar" esta "causa justa" no "momento certo".
"Enquanto jogador de futebol, logicamente, iria ter alguns obstáculos, pela componente física, pela competição em si, porque quando nos convertemos a uma religião com cuidados acrescidos relativamente aos profissionais de futebol, é preciso esperar o 'timming' para podermos abraçar as coisas intensamente e nada melhor que no final da minha carreira", revelou Abel Faissal Xavier, acrescentando que tentará estar "o mais activo possível em Los Angeles, nos Emirados Árabes Unidos e em Portugal".
Já com planos de integração na sua nova religião, o antigo internacional português não antevê grandes dificuldades.
"É lógico que estou numa fase de integração, estou numa fase de aprender detalhadamente quais os passos a seguir. Eu sempre fui metódico, portanto a questão de me ajustar não vai ser nenhum tipo de sacrifício, porque sei porque o faço. Seguramente irei a Meca, que é uma viagem que já estava estabelecida para encontrar a família real saudita e o imã de Meca", afirmou Abel Faissal Xavier, destacando a oportunidade de "globalizar uma afluência positiva e de paz".
"Eu não falo árabe, não percebo árabe, vou tentar perceber, vou tentar aprender e juntá-la às línguas que aprendi durante a carreira que tive. Mas, a coisa mais curiosa é que quando eu sinto as rezas, a fonética, isso faz-me sentir bem e isso faz-me ir mais além, de tentar compreender o porquê das coisas", frisou o ex-jogador.
Apesar da vontade de "se moldar", consciente que "nunca será um árabe enraizado", Abel Faissal Xavier, recusando que seja "mais uma excentricidade, manifestou-se "grato" à "oportunidade" que o futebol lhe deu, para conhecer esta religião.
"As pessoas podem esperar que eu mude a nível exterior, em função do meu interior, mas eu não o vou fazer, porque eu considero que o meu interior é muito mais profundo e mais rico do que posso aparentar. É por causa desta contradição, que eu vou manter a minha imagem e a minha postura para que isso, talvez, faça as pessoas pensarem de maneira diferente", referiu.
Esta decisão "pensada e ponderada", cujo anúncio foi guardado para o "final da carreira", não vai, segundo o próprio, "alterar a maneira de estar".
Abel Faissal Xavier apontou como objectivo "ajudar milhões de pessoas", através de projectos humanitários, sem especificar quais, após abandonar a carreira futebolística, mesmo tendo tido convites para continuar a jogar.
"Possivelmente tinha (lugar no futebol actual), mas também tinha vontade de fazer coisas diferentes e precisava de espaço para as poder fazer. Ao longo de 20 anos, com todos os contactos e a rede que estabeleci, permitem-me ser ambicioso para o futuro, sem esquecer de onde vim e como vim", justificou.
Antes de terminar a carreira futebolística nos norte-americanos dos LA Galaxy, Abel Xavier alinhou no Middlesbrough, Everton e Liverpool (Inglaterra), Bari e Roma (Itália), Hannover (Alemanha), Galatasaray (Turquia), PSV Eindhoven (Holanda), Oviedo (Espanha), Benfica e Estrela da Amadora.
Com a camisola das "quinas", disputou o Euro2000 e o Mundial2002.