
FRED PROUSER / Reuters
"A minha mãe lutou contra o cancro durante quase uma década e morreu aos 56 anos". Na carta em que explica os motivos que a levaram a fazer a dupla mastectomia preventiva, Angelina Jolie evoca a batalha que mãe travou contra a doença.
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"Falamos muitas vezes da 'mamã da mamã' e acabo por ter de lhes tentar explicar a doença que a tirou de nós. Os meus filhos perguntam-me se me pode acontecer o mesmo a mim. Disse-lhes sempre para não se preocuparem, mas a verdade é que sou portadora do gene defeituoso, o BRCA1, que aumenta brutalmente o risco de eu desenvolver cancro da mama e do ovário".
A "mamã da mamã" era uma atriz franco-canadiana, chamada Marcia Lynne, depois Marcheline Bertrand, com uma beleza semelhante à de Angelina - cabelos compridos, olhos claros e feições perfeitas.
Era uma jovem aspirante a atriz quando conheceu o pai de Angelina, Jon Voight, que acabava de ser nomeado para o Óscar de melhor ator por "Cowboy da meia-noite", em 1969.
Casaram dois anos mais tarde, em 1971, ano em que Marcheline Bertrand se estreou na série "Ironside". O casal teve o primeiro filho, James Haven, em 1973, e, dois anos mais tarde, Angelina.
As infidelidades de Jon Voight precipitaram o divórcio e o casal separou-se quando Angelina tinha um ano.
"A minha mãe era uma mãe a tempo inteiro", contou Angelina Jolie ao programa "60 minutos", em 2011. Na altura, houve quem interpretasse as palavras da atriz norte-americana como uma resposta ao autor de biografias de famosos, Andrew Morton.
Num livro sobre Angelina Jolie, Morton escreve que Jolie foi ignorada pela mãe, por causa das suas parecenças físicas com Voight. O biógrafo justifica o caráter rebelde de Angelina por, durante dois anos, ter sido criada num apartamento à parte, por duas amas.
"Era tudo para os filhos"
"Não teve a sua própria carreira, a sua própria vida, as suas próprias experiências. Era tudo para os filhos", explicou Jolie, na mesma entrevista de 2011. "Nunca serei tão boa mãe como ela".
Uma das casas de Angelina e Brad Pitt foi batizada de Vivienne Marcheline, em memória da mãe de Jolie.
Afastada a carreira de atriz, Marcheline iniciou um percurso no género documental. Fundou uma produtora de documentários e refez a vida com o documentalista Bill Day, com quem viveu durante 11 anos.
Em 2005, foi produtora executiva de um documentário sobre John Trudell, um poeta e ativista índio, com quem fundou uma organização de defesa dos índio americanos, a All Tribes Foundation.
Em 1999, depois de lhe ter sido diagnosticado cancro no ovário, criou, também com Trudell, a organização Give Love Give Life, que tinha como objetivo a sensibilização da população para a doença. Marcheline promoveu uma lei para financiar programas educativos sobre doenças ginecológicas.
Marcheline Bertarnd perdeu a luta contra o cancro em janeiro de 2007.
"Os seus filhos são o último legado de uma mulher afetuosa e generosa. Era uma torre de força de um modo tranquilo", escreve Jade Dixon, amiga desde o tempo em que estudaram interpretação. "Marcheline era a estrela no palco. Todo o mundo estava enfeitiçado pela sua beleza e força. Ficamos logo amigas", conta, num site criado em sua homenagem.
