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Depois de estar pronta há mais de seis meses, a Casa Abrigo para mulheres vítimas de violência doméstica abriu portas ontem, em Barcelos. O equipamento integra-se numa rede de 38 casas do género existentes em todo país, numa capacidade total de 900 camas. O apartamento de Barcelos pode acolher até 10 pessoas, incluindo os filhos das mulheres que, por serem vítimas de maus tratos físicos ou psicológicos, decidem abandonar os seus lares.
"Não podemos divulgar a localização exacta da Casa Abrigo, para salvaguardar as mulheres que ganham coragem para sair de casa, embora cá estejam acompanhadas 24 horas por dia por uma das nossas técnicas", esclareceu Constantino Lopes, presidente do Grupo de Acção Social Cristã (GASC) responsável pelo novo equipamento social.
"A decisão de colocar as mulheres nos centros é da APAV e também da Segurança Social porque são estas entidades a que estamos ligados que decidem a melhor estratégia para apoiar as vítimas que decidem pedir ajuda", explicou o presidente do GASC. A casa só não abriu mais cedo porque faltava assinar os protocolos, mas o apartamento já está pronto há bastante tempo. "É um sonho da D. Maria das Dores Quinta e Costa que ficou sensibilizada com esta problemática no concelho e decidiu comprar uma casa para servir de lar temporário a mulheres que precisam", diz Constantino. "Foi tudo feito com muito carinho. Nenhum pormenor foi esquecido", acrescenta Ana Cabral, responsável pela Casa Abrigo que também vai disponibilizar um gabinete de apoio. "Há muitas mulheres que precisam apenas de um ombro amigo. Não querem sair de casa e esperam de nós um ombro amigo para as ouvir e aconselhar".
A estadia na Casa Abrigo de Barcelos é gratuita para as mulheres e para os filhos que as acompanharem, sendo que o objectivo é "mantê-las activas, se possível a trabalharem no local de trabalho habitual, até porque a estadia cá tem sempre de ser encarada com uma situação passageira", sublinha Ana Cabral.
Casa em Vila Frescaínha vai acolher os sem-abrigo
O próximo projecto do GASC está ligado aos sem- abrigo, um flagelo social que tem vindo a aumentar na cidade de Barcelos. "Queremos criar um centro para os sem- abrigo para que eles possam dormir e sobretudo para que possam iniciar a sua reintegração na sociedade", justificou Constantino Lopes que se mostra sensível aos problemas apresentados pelos utentes do refeitório da instituição que preside desde a sua criação. "Eles perguntam-nos como é possível procurar trabalho, quando não têm tecto para dormir, quando não podem ter um sítio onde sabem que podem descansar e tomar banho. De facto, vivendo na rua é muito difícil recuperar amor próprio para recomeçar do zero". O GASC adquiriu uma casa em Vila Frescaínha de S. Martinho que deverá sofrer obras de remodelação antes de ser utilizada.