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Uma mulher de 27 anos foi assassinada pelo marido com nove facadas, ontem de manhã, na localidade da Gâmbia, Setúbal. O suspeito entregou-se, pouco depoiss, na GNR. Desavenças relacionadas com "os ciúmes doentios" e com o "empréstimo pedido ao banco para a moradia que estavam a construir", segundo os vizinhos, poderão ter estado na origem do crime.
Célia Lopes, vendedora de frutas, foi assassinada pelo marido, de 30 anos, pedreiro da construção civil, no quarto que o casal ocupou durante os oito anos em que esteve casado, em casa dos seus pais. Ao lado, na Rua da Gâmbia, situa-se a moradia em construção que poderá ter sido um dos motivos do crime.
Nas imediações ninguém deu conta de qualquer movimentação anormal. António Lopes, pai de Célia Lopes, afirmou ao JN que "o que estão a dizer é que ele escondeu o carro aqui perto e que entrou pelas traseiras da casa". Declarações confirmadas por vizinhos, que afirmaram que foi nas traseiras da habitação de António Lopes que foi encontrada a viatura do homicida, bem como detectadas pegadas recentes.
Sem conseguir encontrar explicações para o sucedido, adiantou que "nunca tinha reparado que eles se davam mal, só sei que estavam separados há 15 dias, mas ele ainda esteve aqui no sábado, dia em que fazia anos, para vir buscar as filhas e tudo parecia bem".
A última vez que viu a filha com vida foi ontem de manhã, continuou, "quando ela tratava das filhas, de quatro e sete anos, para irem para a escola", altura em que foi para Setúbal, acompanhado da mulher, para realizar testes médicos. Só no regresso soube o que tinha acontecido, quando à porta de casa encontrou um grande aparato policial.
Ao local, refira-se, deslocaram-se os Bombeiros Sapadores de Setúbal, que procederam à remoção do corpo para a morgue do Hospital de S. Bernardo, bem como a GNR e a Polícia Judiciária. Depois de ter esfaqueado a mulher, Nuno Rosa dirigiu-se à cidade Setúbal, onde se foi entregar no Destacamento Territorial de Setúbal da GNR, confessando a autoria do crime.
Assim que a notícia do crime se começou a espalhar, foram muitos os que se reuniram junto à habitação de António Lopes. De parcas palavras, os presentes não foram muito expansivos, fazendo poucos comentários. No entanto, um vizinho do casal, que se escusou a revelar a sua identificação, afirmou que "o rapaz era muito desconfiado, era doentio com os ciúmes, apesar de não ter razão para isso".
Paulo Morais