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Jorge Sampaio ainda vai conceder pouco mais de 30 comendas até deixar o cargo de presidente da República (PR) e Cavaco Silva tomar posse, a 9 de Março, numa cerimónia que irá decorrer na Assembleia da República. O chefe de Estado cessante condecorou até agora - no total dos dois mandatos -, 1896 pessoas. Somando as que vão ser agraciadas até ao final da magistratura - das áreas da cultura e empresarial - mesmo assim, Sampaio não supera o número de condecorações que foram atribuídas por Ramalho Eanes e por Mário Soares.
A contabilidade relativa às condecorações entregues em cada magistratura presidencial está feita pelos serviços da Presidência e é elucidativa. De 1976 a 1986, Ramalho Eanes entregou 1952 comendas. Uma soma bem inferior ao total de insígnias concedidas pelo seu sucessor em Belém, Mário Soares que, entre 1986 e 1996, condecorou 2448 individualidades.
Na verdade, Sampaio tem-se desdobrado, nas últimas três semanas - com o intervalo da visita aos 11 municípios de Viseu, onde não tinha estado -, em condecorações, mas Belém tem uma justificação. O argumento é que o chefe de Estado se conteve na quantidade de comendas que foi entregando, em cada ano, na celebração do 10 de Junho. Por isso, acumulou no final do mandato, uma série de personalidades consideradas aptas para receber as insígnias pelo Conselho das Ordens.
Sampaio propôs 46%
Apenas 46% das condecorações atribuídas até à data foram da iniciativa directa do presidente. As restantes foram propostas pelo Governo, Conselho das Ordens, Ministério dos Negócios Estrangeiros, as duas regiões autónomas, o ex-governador de Macau, Rocha Vieira, entidades civis e de cidadãos.
Ontem, Sampaio agraciou mais nove individualidades, em três sessões separadas por 30 minutos, agrupadas pela Ordem que foi concedida. A assessoria de Imprensa garantiu ao JN não estarem marcadas mais sessões para esta semana.
O presidente vai amanhã a Madrid, partindo depois para a visita a Timor-Leste, de onde regressará dia 27, na véspera do feriado de Carnaval, pelo que as restantes condecorações serão entregues na primeira semana de Março.
A mesma fonte rejeita a ideia de que haja uma "banalização" das comendas, alegando que os presidentes concederam ao todo 6330, e sendo legítimo discordar das escolhas, o mérito - decidido pelo Conselho das Ordens -, não pode ser questionado. Além de que portugueses de prestígio, como Rosa Mota ou José Saramago, foram distinguidos mais do que uma vez.
Presidente deslocou-se a casa do pintor e poeta surrealista Mário Cesariny para o condecorar