
Um soldado do Exército em patrulha na cidade de Salvador
Lunae Parracho/Reuters
A polícia militar no estado brasileiro da Baía indicou este domingo que manterá a greve iniciada na passada terça-feira, em luta por aumentos salariais, apesar do aumento de uma onda de violência que conta já com 71 homicídios.
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De acordo com um comunicado divulgado pela Secretaria de Segurança da Baía, só em Salvador, capital do Estado, 15 pessoas foram assassinadas no passado sábado, número que faz aumentar para 71 o número de mortes violentas registado desde o início da greve, indicou a EFE.
As autoridades brasileiras indicaram ainda que desde o início dos protestos foram roubados 41 automóveis e que se registaram roubos e outros actos de vandalismo em dezenas de estabelecimentos de comércio.
O governador da Baía, Jacques Wagner, atribuiu a autoria de muitos dos crimes aos próprios polícias e garantiu que não negociará quaisquer das suas exigências enquanto os grevistas não cederem e regressarem aos seus postos.
A decisão do governador recebeu o apoio do ministro brasileiro da Justiça, José Eduardo Cardoso, que visitou Salvador no passado sábado e advertiu que os líderes do movimento grevista poderão vir a ser detidos e presos por encabeçarem um protesto que considerou "inaceitável", ainda de acordo com a EFE.
O presidente do Sindicato da Polícia Militar, que organiza o protesto, Marco Prisco, afirmou este domingo que a paralisação irá continuar até que o governo regional aceite negociar as exigências dos polícias, que incluem aumentos salariais na ordem dos 30% e melhorias das condições de trabalho.
"A palavra é negociação", afirmou Prisco, citado pela EFE, aos jornalistas em declarações prestadas no edifício da Assembleia Legislativa do estado da Baía, que os polícias em greve ocupam parcialmente desde terça-feira.
A Justiça brasileira ordenou já a detenção de Prisco e de outros onze líderes do movimento, que foi declarado "ilegal" por um tribunal do Estado da Baía, mas o porta-voz dos grevistas garantiu que não se entregará enquanto não se iniciarem negociações sobre os salários dos polícias.
Salvador e outras cidades da baía continuavam este domingo com segurança reforçada por cerca de 2.600 soldados do Exército brasileiro, número a que se juntarão nas próximas horas mais 400, efectivos que partiram do Estado do Rio de Janeiro, de acordo com fontes oficiais.
A greve está a preocupar as autoridades locais, não apenas pelo aumento da insegurança nas ruas, mas também pelo eventual impacto económico que poderá abater-se sobre Salvador, que espera receber milhares de turistas durante o Carnaval, que se celebra dentro de duas semanas.
