O ministro da Fazenda do Brasil, Guido Mantega, afirmou, esta quarta-feira, que as recentes decisões europeias afastam uma crise bancária no curto prazo, mas admitiu que a falta de crescimento das nações mais ricas já afeta os países emergentes.
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"A indústria está em quebra não só nos países europeus, mas no Brasil e na China também", afirmou o ministro, citado pela edição online do diário "Valor Económico".
Ao fazer uma análise do panorama económico mundial, o ministro brasileiro considerou ainda que a crise atual começou de forma mais lenta que a anterior, mas já produz "os mesmos efeitos" que a de 2008.
"Hoje, temos gravidade tão grande quanto em 2008, mas sem grandes instrumentos de controlo da Europa, como os EUA tiveram o Fed [Banco Central norte-americano]", declarou Mantega, ainda segundo o "Valor Económico".
O chefe da equipe económica do Governo brasileiro previu ainda que a solução para a crise não virá no curto prazo.
"As mais recentes decisões tomadas na Europa afastam momentaneamente a crise, mas os grandes problemas não estão resolvidos. Continuaremos com um quadro de recessão na União Europeia e desemprego recorde e baixo crescimento nos EUA", afirmou o ministro.
Em relação às recentes medidas contra a crise tomadas internamente pelo Governo brasileiro, Mantega sublinhou que são medidas de "longo prazo", e que os efeitos da crise internacional retardam os resultados.
No governo de Dilma Rousseff, cujo mandato se iniciou em janeiro de 2011, a indústria brasileira já recebeu estímulos num valor total de 102 mil milhões de reais (40 mil milhões de euros), com medidas como benefícios fiscais e facilidades de acesso ao crédito.
Apesar os incentivos, o crescimento do setor industrial registou uma queda de 4,3 por cento em maio deste ano, na comparação com maio de 2011; e já acumula perdas de 3,4 por cento nos primeiros cinco meses do ano.