Os restos mortais do antigo presidente socialista do Chile Salvador Allende serão exumados a 23 de Maio, no âmbito de um inquérito para determinar se se suicidou ou foi assassinado.
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"Marcámos hoje a data para 23 de Maio. O horário não é conhecido, porque depende muito das pessoas que participarem" na exumação, declarou à agência noticiosa francesa AFP o juiz Mário Carroza, encarregado do dossier.
Os serviços médico-legais serão responsáveis pelo exame ordenado a 15 de Abril pelo juiz a pedido da família do antigo presidente deposto por um golpe de Estado.
O inquérito visa determinar se Allende se suicidou durante o golpe de Estado de 11 de Setembro de 1973, como indica a versão oficial, ou se foi assassinado.
Presidente socialista do Chile desde 1970, Allende morreu, aos 65 anos, com um tiro no palácio presidencial de Santiago, bombardeado pela força aérea, durante o golpe de Estado conduzido pelo general Augusto Pinochet.
Pouco depois da morte, foi realizada uma autópsia no Hospital militar de Santiago e, segundo a versão das autoridades, assim como de testemunhos, Allende suicidou-se disparando um tiro sob o queixo. A própria família favorece a tese do suicídio.
A justiça reabriu em Janeiro um inquérito à morte de Allende, assim como de 725 outros casos de crimes contra os direitos humanos durante a ditadura (1973-1990), que nunca tinham sido tratados por ausência de queixa.
O ministério público apresentou uma "queixa" por cada um destes casos esquecidos, cujos nomes foram retirados do relatório da Comissão da Verdade e Reconciliação.
No total, pouco mais de 700 pessoas, incluindo antigos militares e polícias, foram condenados ou acusados por crimes contra a humanidade cometidos sob a ditadura, que é responsável por mais de 3100 mortos ou desaparecidos.