David Golding, de 29 anos, foi condenado a 14 meses de prisão por transmitir herpes genital à namorada. O polícia inglês já sabia que era portador da doença, mas não contou à companheira. O caso está a ser contestado por especialistas em saúde sexual.
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O polícia de trânsito, natural de Braunston, no sul de Inglaterra, manteve a infecção em segredo quando iniciou, em 2009, um relacionamento com Cara Lee, de 23 anos.
Um ano depois, Cara descobriu que tinha sido infectada e confrontou o companheiro, que negou ser o responsável pela transmissão da doença. A jovem terminou a relação e denunciou o ex-namorado às autoridades policiais.
O juiz Michael Fowler, que decretou a pena de prisão, classifica a atitude de David como "uma traição num relacionamento em que jurou sinceridade".
"A lesão causada por esta infecção é mais grave do que uma lesão deixada por uma cicatriz porque carrega reincidências, extremo desconforto e consequências para as relações futuras", declara ainda ao jornal inglês "The Sun".
David Everett, advogado de defesa do réu, disse que o seu cliente foi "extremamente estúpido, mas que o contágio não foi propositado".
Especialistas em saúde sexual afirmam que a herpes, e os respectivos danos corporais provocados, não são graves o suficiente para serem criminalizados.
"Ser condenado à prisão por isto é como ser preso por dez anos, devido a um delito de estacionamento" disse o doutor Colm O'Mahoney, consultor de saúde sexual no Hospital Countess of Chester.
"Isto é um ultraje. As crianças também vão ser processadas por passarem varicela aos amigos?", acrescenta.
Cara Lee, que encontrou um novo parceiro com quem teve um filho, ficou agradada com a decisão do tribunal. "Os últimos dois anos foram destruidores. O David deu-me uma sentença de prisão perpétua e tem que pagar pelo que fez. Prisão é o que ele merece".
Trata-se do primeiro caso de condenação por transmissão da doença no Reino Unido, onde cerca de seis milhões de pessoas são portadoras de herpes genital.