
Os vizinhos de Iván Berral, que matou uma mulher grávida com um tiro na cabeça, numa igreja de Madrid, e que depois se suicidou, contaram à polícia episódios da vida do homem que acredita ser perseguido pelo demónio.
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Dava murros nas paredes e subia e baixava as persianas durante 10 minutos seguidos, recordam os vizinhos de Iván Berral, que acreditam que terão sido os seus murros a estragar a fechadura do apartamento, onde viveu antes de alegadanente ter morto uma mulher e ferido outra, na semana passada, em Madrid. "Dava muitos murros", contam os vizinhos e atestam as paredes da casa.
A mulher grávida, no final do tempo de gestação, não resistiu aos ferimentos, mas uma equipa médica conseguiu salvar o bebé, numa cesariana de emergência, feita na igreja paroquial de Madrid Santa María del Pinar.
Uma máquina de flippers escondia os buracos que, nos últimos meses, os murros e os pontapés de Berral fizeram na parede. "Dava murros na parede, subia e baixava as persianas durante 10 minutos sem sentido e atirava coisas pelas janelas", explicaram os vizinhos, citados pelo jornal espanhol "El Mundo".
Há dois anos que Iván Berral vivia na casa do condomínio da Rua Dulce Chacón, em Madrid, que comprou por 500 mil euros. "Passava dias a nadar ou a jogar pádel, sozinho contra a parede", contaram, ainda os vizinhos, que se lembram do alegado "assassino da igreja", como já é conhecido, sempre de "gorro e de calções curtos".
Em casa, não havia uma única fotografia da filha, de cerca de dois anos, nem sua. Nas paredes, apenas havia um quadro do filme "Kill Bill", de Quentin Tarantino, e no qual Uma Thurman procura vingança.
De acordo com a polícia, Iván Berral não conhecia nenhuma das vítimas que baleou, depois de se ter embriagado. Além de Rocío Peñeiro, grávida em final do tempo, alvejou um outra mulher que se encontrava também na igreja.
O alegado homicida foi detido pelo menos 20 vezes, por maus tratos, ameaças, lesões e tráfico de droga. As autoridades não têm dúvidas de tratar-se de um homem com uma personalidade desequilibrada e depressiva. "O demónio persegue-me, tenho-o sempre atrás de mim", escreveu, na nota que deixou antes de se suicidar.
O comportamento do suspeito alterou-se, nos últimos dois meses, contaram, ainda, os vizinhos, altura em que recebeu nova ordem de não aproximação à sua ex-mulher, uma colombiana com qual tem uma filha de dois anos.
Dias antes de ter disparado contra as duas mulheres, foi visto a circundar o templo, com um saco desportivo onde devia já transportar a arma.
