A comunidade internacional reagiu, esta segunda-feira, de forma cautelosa à vitória de Vladimir Putin nas eleições presidenciais russas de domingo, com Paris e Londres a mencionarem os problemas identificados pelos observadores europeus durante o escrutínio.
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De acordo com os dados oficiais, Putin venceu as eleições presidenciais à primeira volta com 63,65 % depois de contados 99,8% dos votos.
Os observadores da Organização para a Cooperação e Segurança na Europa (OSCE) consideraram que não foram garantidas condições iguais para todos os candidatos e que Putin foi beneficiado, conclusões que já foram rejeitadas entretanto pela Comissão Eleitoral russa.
A França "registou os resultados provisórios da eleição presidencial russa que indicam uma clara vitória de Vladimir Putin à primeira volta" e está a estudar "o relatório preliminar" da OSCE sobre o desenrolar das eleições, declarou hoje o Ministério dos Negócios Estrangeiros francês.
"O Presidente [Nicolas Sarkozy] e o ministro de Estado [dos Negócios Estrangeiros, Alain Juppé] irão falar nas próximas horas" sobre o escrutínio, indicou o porta-voz do ministério, Bernard Valero, em declarações à imprensa.
Para Downing Street (Reino Unido), o resultado das presidenciais russas é "decisivo", apesar dos "problemas" identificados pela OSCE, declarou um porta-voz do primeiro-ministro britânico, David Cameron.
Questionado sobre se David Cameron irá telefonar a Vladimir Putin, o porta-voz respondeu "ser provável" que o chefe do Governo britânico faça esse contacto "ao longo do dia".
"Londres quer ter uma relação construtiva com a Rússia", sublinhou o porta-voz.
As reações francesa e britânica foram divulgadas momentos depois da Comissão Europeia ter instado a Rússia a "suprir as lacunas" apontadas às eleições presidenciais de domingo.
"A União Europeia tomou nota dos resultados preliminares" do sufrágio, declarou uma porta-voz da chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, que admitiu partilhar das preocupações dos observadores da OSCE.
Também a chanceler alemã, Angela Merkel, tem previsto um contacto direto com Vladimir Putin, para saudar a vitória presidencial do ex-primeiro-ministro russo.
"A chanceler vai falar com Vladimir Putin para lhe desejar sucesso para o próximo mandato, sucesso principalmente para os desafios que a Rússia enfrenta", afirmou o porta-voz da líder alemã Steffen Seibert, em declarações à comunicação social.
"A Alemanha e a Rússia são parceiros estratégicos. Esta parceria deve ser desenvolvida e o Governo [alemão] irá enfrentá-la com todas as suas forças", acrescentou.
Fora da Europa, outros líderes também reagiram ao regresso de Putin à presidência russa.
O chefe do Governo nipónico felicitou Putin pela vitória presidencial, expressando ainda o desejo de que a Rússia e o Japão resolvam as disputas territoriais pendentes.
Yoshihiko Noda explicou que o Japão quer resolver a disputa sobre a soberania das ilhas Iturup, Kunashir, Shikotan e Habomai, situadas no Pacífico norte e controladas pela Rússia desde 1945.
A partir de Cuba, o Presidente venezuelano, Hugo Chávez, ainda em período de convalescença após uma intervenção cirúrgica, também felicitou Vladimir Putin pela vitória, desejando-lhe "muito sucesso".
Chavez "felicitou pessoalmente o presidente da Federação russa, que iniciou relações estratégicas de cooperação entre a Venezuela e a Rússia, ligadas por um vínculo de amizade muito sólido", indicou um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros, divulgado em Caracas.