A viagem de caça que o rei Juan Carlos efetuou ao Botswana, e durante a qual sofreu uma queda e fraturou a anca, continua a suscitar polémica em Espanha, com o assunto a marcar a agenda mediática e política.
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No centro da polémica está a decisão de Juan Carlos realizar uma viagem de caça grossa num momento de grandes dificuldades económicas para Espanha, assim como o facto de ter caçado elefantes quando ele próprio é presidente de honra da organização ambiental WWF.
A viagem ao Botswana realizou-se na semana passada e, numa caça a elefantes o rei de Espanha caiu e fraturou a anca. Na madrugada de sábado, já em Madrid, foi operado para a implantação de uma prótese. Segundo o último boletim médico, "a evolução é muito satisfatória".
O assunto está a dominar o debate nas redes sociais, com alguns líderes políticos a romperem o silêncio e cuidado dos comentários oficiais dos maiores partidos espanhóis, PSOE e PP.
Patxi López, o lehendakari (chefe do Governo basco) socialista, afirmou que "não estaria mal que o rei pedisse desculpa" pela viagem de caça que realizou, num momento de grave crise em Espanha.
Ainda que recorde que o monarca, "como toda a gente, tem direito a um espaço privado", Patxi López disse que "nos tempos que correm há certas coisas que a cidadania não entende e esta é uma delas".
Duran Lleida (Convergência e União-CiU) disse, por seu lado, que é bom, no momento atual, evitar destabilizar a monarquia espanhola, ainda que questione o facto de a viagem ter sido, eventualmente, paga por dinheiro público.
Formalmente os dois maiores partidos evitaram comentários oficiais sobre o caso, com o PP a remeter para os comunicados da Casa Real e o PSOE a considerar que "normalmente não comenta a agenda privada do rei, goste ou não goste dela".
Ainda assim, a imprensa espanhola, que cita fontes dos dois partidos, refere o mal-estar que o caso está a suscitar.
A Casa Real confirmou, esta segunda-feira, que o príncipe Filipe assumirá nos próximos dias a agenda de Juan Carlos, que foi operado no sábado e deverá continuar internado mais quatro ou cinco dias.