
Kofi Annan vai deixar de mediar o conflito no final do mês de agosto
FABRICE COFFRINI/AFP
O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, confirmou, nesta quinta-feira, que Kofi Annan vai deixar as funções de mediador do conflito sírio no final deste mês de agosto.
Annan diz que não recebeu "todo o apoio que a causa merecia" e aponta o dedo às divisões entre os países no Conselho de Segurança da ONU. Cameron e Putin garantem que vão trabalhar juntos para encontrarem uma solução para o conflito.
O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, fez saber, nesta quinta-feira, que Kofi Annan vai deixar o papel de mediador da ONU e da Liga Árabe para o conflito sírio. Ban Ki-moon disse, em comunicado, que Annan não pretende "renovar o mandato que expira a 31 de agosto de 2012".
O ex-secretário-geral da ONU, numa conferência de imprensa em Genebra, na Suiça, justificou o abandono desta posição com o facto de não ter recebido "todo o apoio que a causa merecia". Para além disto, Annan aponta o dedo aos desentendimentos entre os países do Conselho de Segurança da ONU que impediram o sucesso da sua missão.
"Há divisões na comunidade internacional e tudo isso complica a tarefa", afirmou Kofi Annan. À falta de "unanimidade no Conselho de Segurança que mudaram fundamentalmente o meu papel", o ainda mediador associa a "crescente militarização" do conflito para o fracasso do seu projeto.
Annan foi nomeado para mediar o conflito a 23 de fevereiro mas no plano de paz que traçou para a Síria previa um cessar-fogo no país que nunca foi respeitado por nenhuma das partes envolvidas na guerra civil.
Ban Ki-moon lamenta o facto de "as divisões que persistem no Conselho de Segurança se tenham transformado num obstáculo à diplomacia, tornando o trabalho do mediador mais difícil" e manifestou a sua "profunda gratidão [a Annan] pelos esforços corajosos e determinados". Agora, o secretário-geral das Nações Unidas procura, junto da Liga Árabe, um sucessor para o cargo que possa "nomear rapidamente" uma vez que a violência na Síria é cada vez maior.
Pouco depois desta informação ser tornada pública, a Rússia também lamentou a decisão tomada por Kofi Annan. Ainda assim, num encontro do presidente russo, Vladimir Putin, com o o primeiro-ministro britânico, James Cameron, em Londres, os dois países prometeram trabalhar juntos a fim de encontrarem uma solução para a guerra civil no país.
Putin disse que a Inglaterra partilha "alguns pontos" em comum com a Rússia no que diz respeito a esta questão o que torna as suas posições "quase idênticas". Cameron garante que os respetivos ministros dos Negócios Estrangeiros "vão trabalhar juntos para conseguir avanços" na resolução da guerra civil síria.
