Continua a tensão entre mineiros e polícia na mina de platina de Lonmin, na África do Sul. Um terço dos empregados da mina voltaram ao trabalho, mas a empresa ameaçou todos os que faltaram com despedimento por justa causa.
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A mina de platina da Lonmin, em Marikana, no noroeste da África do Sul, voltou esta segunda-feira a operar com apenas um terço dos mineiros, enquanto a tensão na área, onde 44 pessoas já morreram em confrontos, se mantém elevada.
Apesar de a administração da mina ter ameaçado os trabalhadores faltosos com despedimento por justa causa, pouco menos de 28% dos 28 mil empregados da mina regressaram aos seus postos de trabalho.
Na localidade de Ga-Rankwa vários milhares de pessoas ocupam as ruas próximas do tribunal, onde cerca de 250 mineiros estão a ser acusados formalmente de distúrbios e outros crimes desde as primeiras horas da manhã.
Um grupo de várias centenas de mulheres manifesta-se exigindo justiça para os mineiros, na sua maioria participantes das ações grevistas da semana passada que levaram à morte de 34 dos seus companheiros quando a força policial abriu fogo contra eles na tarde de quinta-feira em Marikana. Dez outras pessoas também morreram nos confrontos entre mineiros, filiados em dois sindicatos rivais, seguranças da mina e polícias.
Quer em Marikana, quer em Ga-Rankwa, a presença policial durante esta segunda-feira continua a ser elevada, com fortes dispositivos no terreno, carros blindados e rolos de arame farpado a serem utilizados para fechar ruas e impedir novos confrontos.
A Lonmin, a terceira maior produtora de platina do mundo, foi forçada a encerrar no dia 10, mantendo, no entanto, em funcionamento serviços essenciais como a ventilação das galerias, para que a produção se pudesse reiniciar a qualquer momento.
O Governo sul-africano, que no domingo decretou uma semana de luto nacional em memória dos mortos nos confrontos da semana passada, fez deslocar para o local a comissão interministerial de inquérito nomeada pelo presidente Zuma, que de imediato começou a trabalhar junto das famílias afetadas, da administração da Lonmim e das autoridades locais com vista a esclarecer as circunstâncias que levaram aos confrontos e a apoiar, psicológica e financeiramente, as famílias.
A Lonmin comprometeu-se a pagar a educação dos dependentes dos mineiros mortos durante as escaramuças em como os funerais das vítimas.