O "senhor de guerra" afegão Gulbuddin Hekmatyar prometeu esta quarta-feira matar tantos soldados da NATO quanto possível para lhes "dar uma lição" antes da retirada do Afeganistão em 2014, numa entrevista ao jornal britânico "Daily Telegraph".
Corpo do artigo
Hekmatyar - que combateu a ocupação soviética, foi primeiro-ministro e dirige o segundo maior grupo combatente do país, o Hezb-i-Islami - disse ao jornal que esses ataques serão um aviso para "outros que queiram invadir o Afeganistão".
"Antes da retirada das forças invasoras, os 'mujahidin' gostariam de ver com os seus olhos uma situação que ensine aos invasores a nunca mais pensarem em vir para aqui", disse, num vídeo em que responde a questões do Telegraph através de um intermediário.
Hekmatyar, que esteve exilado no Irão e é considerado um terrorista internacional pelos Estados Unidos, advertiu que o Afeganistão pode cair numa revolta sangrenta após a saída das forças internacionais.
"O facto é que o governo falhou. Podemos ter uma situação terrível depois de 2014 que ninguém previu", disse.
Hekmatyar afirmou por outro lado que o Hezb-i-Islami, conhecido pelo sangrento cerco a Cabul nos anos 1990, suavizou algumas das suas posições mais radicais, como a negação do direito à educação das mulheres.
O grupo, disse, "considera que a educação é tão necessária às raparigas como aos rapazes", opondo-se apenas a que rapazes e raparigas tenham aulas em conjunto.
O Hezb-i-Islami está disposto a participar nas eleições presidenciais de 2014, desde que a votação seja transparente e que se concretize a "retirada completa de todas as forças estrangeiras".
Hekmatyar acusou as forças britânicas no país de serem lacaios dos norte-americanos e afirmou que o príncipe Harry, em serviço militar no Afeganistão desde setembro, persegue afegãos inocentes "bêbado".
"A Grã-Bretanha arrastou-se para este conflito injustificado e inútil, mas cruel, para agradar à Casa Branca. Os britânicos não ganharam nada, apenas perderam sangue e dinheiro", disse.
Com 9.000 militares, o contingente britânico é o segundo maior na força internacional da NATO no Afeganistão, depois do dos Estados Unidos.