Cerca de 100 portugueses ficaram retidos no aeroporto de Veneza, Itália, e tiveram de pernoitar no aeroporto, esta quarta-feira de madrugada, sem comida nem cobertores. Uma das passageiras do voo cancelado contou ao JN o que aconteceu.
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Um acidente com uma avioneta levou ao encerramento das pistas do aeroporto de Veneza e impediu os aviões de aterrar e descolar. Depois, um forte nevão na cidade italiana levou, de novo, ao encerramento do aeroporto. Além da neve, 70% da superfície de Veneza está inundada. A subida das águas em Veneza chegou a um metro e meio acima do nível do mar.
Joana Domingues, uma assessora de comunicação e marketing de 31 anos, relatou ao JN o que aconteceu, esta quarta-feira de madrugada, quando diversos passageiros, na maioria portugueses, acabaram por pernoitar no aeroporto. O voo da Easyjet em que deveria ter viajado para Portugal tinha partida prevista às 20.50 horas de terça-feira. "No meu caso, recebi mensagem a dizer que o voo tinha sido cancelado, mas muitas pessoas não receberam", diz.
Perante o cancelamento, os passageiros dirigiram-se à zona de check-in para saber o que fazer. "Havia imensa gente em filas e era muito confuso perceber para onde ir", garante Joana Domingues, acrescentando que o grupo português passou "seis horas numa fila para ver soluções". O único voo alternativo que lhes foi apresentado, no entanto, estava marcado para dia 19 de fevereiro. "Houve pessoas que compraram outros voos, porque não podiam de forma nenhuma ficar uma semana em Veneza", mas quem não podia fazer o mesmo foi ficando à espera de outra alternativa.
De início, explica, foi garantido que a empresa pagaria "hotel e comida" mas, a dada altura, foi dito que os restantes passageiros teriam de "pernoitar no aeroporto".
"Várias pessoas conseguiram ainda ter hotel, mas cerca de 100 pessoas ficaram" pelo aeroporto, "a maioria portugueses". À meia noite, "os guichés fecharam e os empregados foram embora". "Falaram que teríamos água, comida, camas e cobertores, mas apenas vieram águas", garante. Foi, igualmente, prometido reembolso a quem arranjasse acomodações, mas "sem internet gratuita" e "tendo de adiantar muito dinheiro", muitas pessoas acabaram por não ter alternativa e dormir no aeroporto.
"Foi uma situação muito stressante. Notamos que houve muita discriminação", aponta, adiantando que "foi pedido o livro de reclamações e documentos oficiais e nada foi dado". "Ficamos literalmente abandonados no aeroporto, sem qualquer informação. Não havia nada aberto para comer, a polícia foi chamada e ignorou os nossos pedidos de livro de reclamações", assegura a passageira portuguesa. As respostas e soluções só começaram a chegar a partir das 6.00 horas, altura em que os guichés reabriram.
A situação de Joana Domingues ficou resolvida perto das 12.00 horas, "depois de andar de fila em fila, horas de pé". Neste momento, restam cerca de "30 portugueses", assegura, pois durante a madrugada muitos foram "por iniciativa própria", para outros aeroportos. Um voo extra foi, entretanto, arranjado pela companhia e está marcado para quinta-feira, às 11.30 horas.