Tradicionalistas católicos organizaram esta terça-feira o funeral do criminoso de guerra nazi Erich Priebke numa cidade perto de Roma, apesar dos protestos organizados por antifascistas e de uma tentativa do edil local em impedir a cerimónia.
Corpo do artigo
Um carro funerário transportou o corpo do antigo oficial das SS da morgue de um hospital em Roma para o seminário do ultraconservador Instituto Pio X na localidade de Albano -- a sede em Itália da comunidade integrista fundada em França por Marcel Lefebvre no fim da década de 80, após a recusa em aceitar a abertura do Concílio do Vaticano II (1962-65) ao mundo moderno --, para uma cerimónia privada.
Dezenas de habitantes desta comuna de 40 mil habitantes deslocaram-se aos portões do instituto religioso onde fixaram uma faixa com a frase "Priebke carrasco" e entoaram a canção da resistência italiana "Bella Ciao", apesar de não conseguirem interromper as cerimónias.
"Temos um problema de ordem pública que está a ser criado. A nossa cidade tem uma tradição de resistência, estamos desconcertados", disse à agência noticiosa AFP Luca Faenza, porta-voz do presidente da câmara de Albano, Nicola Marini, eleito pelo Partido Democrático (esquerda).
"Será uma cerimónia religiosa como pediu Priebke (...) com uma missa em latim, à porta-fechada, apenas para os amigos íntimos e próximos", declarou aos media Paolo Giachini, o advogado do ex-nazi.
Antigo capitão das forças de elite nazis 'Waffen SS, Priebke, um dos últimos criminosos de guerra nazis ainda vivos e que festejou 100 anos no final de julho, morreu na sexta-feira em Roma.
Priebke, que tinha sido condenado em 1998 em Itália a prisão perpétua pela sua participação no massacre das grutas Ardeatinas, em Roma, em março de 1944, estava há muitos anos em prisão domiciliária em Roma, no apartamento do seu advogado.
Giachini tinha anteriormente afirmado que Priebke seria enterrado junto da sua mulher na Argentina, onde viveu mais de 40 anos depois da II Guerra Mundial, mas o país recusou-se a receber o corpo.