Um encontro com milhares de jovens em um centro comercial da zona leste de São Paulo, no sábado, terminou em confrontos e a política usou gás e balas de borracha para dispersar o tumulto em frente ao local.
Os chamados "rolezinhos" são agendados por jovens da periferia de São Paulo através de redes sociais e ganharam visibilidade no início do mês de dezembro, quando seis mil jovens se juntaram no centro comercial Itaquera, onde voltaram a reunir-se no fim da tarde de sábado. Segundo o estabelecimento, três mil pessoas compareceram ao evento, mas a polícia indica "mais de 500" participantes.
Jovens entre 11 e 20 anos chegaram pouco a pouco ao centro comercial, a partir das 16 horas locais, em grupos de três até dez pessoas, todos com roupas mais ou menos parecidas, como estava acordado online.
Na sexta-feira, a justiça proibiu o encontro agendado via rede social Facebook, com multas até 10 mil reais (3.000 euros) a quem participasse, depois dos roubos e furtos registados no evento ocorrido em dezembro.
Perto das 18 horas, o ambiente pacífico mudou e grupos de dezenas de jovens passaram a gritar e correr pelo centro comercial. Os lojistas, com medo de saques, fecharam seus comércios.
O centro comercial foi fechado e a polícia dispersou a multidão, utilizando meios da tropa de choque da Polícia Militar respondeu com balas de borracha e bombas de gás.
Segundo o centro comercial, não houve registo de roubos, furtos ou de feridos, e o local voltou a funcionar às 19.30 horas.
O vendedor Felipe Pereira, 20 anos, queixou-se da atitude da polícia. O jovem, que disse ter ido ao centro comercial com a namorada para comprar alianças de noivado, mas acabou por ser agredido e detido.
"Foi muito injusto, eles não sabem quem vem para passear ou não. Eles olham para a sua cara e decidem", disse.
Antes da confusão, os participantes do "rolezinho" afirmaram à Lusa que os eventos são marcados para convívio.
"É um encontro normal, para fazer amizades e encontrar meninas. Costuma dar certo", afirmou o estudante Johnny Kauê, 16 anos, realçando que os centros comerciais são bons locais para o passeio.
