Demissões no governo da Dinamarca por entrada da Goldman Sachs em elétrica estatal
A venda de uma posição no grupo estatal de energia dinamarquês DONG ao banco de investimento norte-americano Goldman Sachs provocou a demissão de seis ministros de um dos três partidos do governo de coligação.
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"Seguimos este caso DONG até ao fim", disse a líder do Partido Socialista Popular e ministra para os Assuntos Sociais e a Integração, Annette Vilhelmsen, aos jornalistas, quando anunciou a sua resignação.
O partido deve continuar a apoiar o governo da primeira-ministra Helle Thorning-Schmidt no parlamento, se bem que este vá ter de procurar o apoio da oposição em alguns assuntos.
Durante uma conferência de imprensa, Thorning-Schmidt afirmou que não havia necessidade de convocar novas eleições e que o seu governo minoritário iria "apresentar brevemente novos titulares".
O governo dinamarquês quer vender uma posição de 19% na DONG à Goldman Sachs por oito mil milhões de coroas (1,07 mil milhões de euros), depois de a empresa ter perdido dinheiro em investimentos no gás natural.
Para fazer a venda, o governo teve de chegar a acordo com a oposição de centro-direita, tal como já ocorrera para aprovar o orçamento para este ano.
A comissão parlamentar das Finanças aprovou o aumento de capital na tarde de quinta-feira. "Todas as aprovações dos reguladores que eram necessárias para fazer o negócio estão garantidas", informou a empresa, em comunicado.
O negócio também deve ser aprovado durante uma assembleia geral extraordinária durante março, acrescentou.
"O parlamento assegurou que uma das nossas maiores empresas (...) pode fazer investimentos massivos, em vez de recuar", declarou o ministro das Finanças, Bjarne Corydon, em comunicado.
O assunto desencadeou críticas fortes de militantes socialistas, que têm acusado o seu partido de apoiar um governo cujas políticas consideram de direita.
Vilhelmsen disse que decidiu sair também da liderança do partido depois de constatar que era "incapaz de o unir".
O governo, liderado pelos social-democratas, reduziu o imposto sobre os lucros das empresas de 225 para 22% e restringiu o acesso a benefícios sociais.
O crescimento económico na Dinamarca tem sido persistentemente fraco, desde que rebentou a bolha (investimento especulativo) no mercado imobiliário em 2007, o que resultou em anémicas despesas de consumo e um alto nível de endividamento dos particulares.