
Dez portugueses poderão estar a participar em combates com a al-Qaeda
AFP
Autoridades portuguesas estão preocupadas com ligações da Jihad ao nosso país. Pelo menos dez portugueses seguidos por serviços secretos. Portugal pode estar a ser usado como área de retaguarda e apoio.
Serviços secretos estrangeiros avisaram Portugal de que havia portugueses envolvidos naquela organização terrorista e a participarem no conflito na Síria, soube o JN. A informação chegou ao SIS e ao SIED por canais de comunicação da comunidade de informações de estados aliados, onde Portugal participa. Os portugueses, em número de 10, segundo noticiou o "Expresso" e foi confirmado pelo JN, terão sido detetados em movimentações na Europa.
O Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) de 2013 destaca, no capítulo das "principais ameaças à Segurança Interna", da responsabilidade do SIS e do SIED, que "foram desenvolvidos esforços no sentido [da] deteção de conexões entre cidadãos nacionais e movimentos jihadistas de cariz internacional". Mas não limita o destino de combatentes portugueses à Síria, estendendo-a também ao Norte de África e ao Mali.
A participação de portugueses no conflito da Síria ganhou maior divulgação quando, no ano passado, em janeiro, a Polícia inglesa deteve um português que se preparava para partir para Damasco. Mas já em julho de 2012 um português tinha sido detido na Somália, por integrar um grupo terrorista, a al-Shabaab, ligado à al-Qaeda e responsável pelo assassinato de um juiz, o que acabou por ser o primeiro alerta recebido pelas autoridades portuguesas. Mas em setembro de 2013, a al-Shabaab cometeu um atentado no Quénia que provocou mais de 60 mortos. O grupo onde esteve integrado o português está a ser perseguido também pelos EUA que, num comunicado de 14 de março deste ano pelo Departamento de Estado, oferece nove milhões de dólares a quem der informações sobre três dirigentes da al-Shabaab.
José Manuel Anes, analista de segurança, admite que as "ligações de portugueses a grupos terroristas devem ser olhadas com atenção. E são-no. Estão a ter formação em manuseamento de armas e de bombas e isso é muito perigoso". Admite que Portugal possa estar a ser usado como área de retaguarda e de apoio, mas salienta que a "comunidade islâmica é moderada e está bem integrada". Mas acredita que há "franjas radicais". Para o ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, num comentário às notícias, "uma coisa é identificar um possível problema, outra é contribuir para um alarmismo que é injustificado".
* COM MILENE MARQUES
