A Rússia acusou, esta sexta-feira, a ONU de "falta de objetividade total" no relatório que alerta para uma "deterioração alarmante" dos direitos humanos no leste da Ucrânia, reportando diversos crimes, como "assassínios seletivos, tortura e espancamentos".
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"A falta de objetividade total, as contradições revoltantes e a utilização de dois pesos e duas medidas não deixam dúvidas de que os autores (do relatório) cumpriram uma orientação política para 'branquear' as autoridades autoproclamadas de Kiev", afirmou o porta-voz da diplomacia russa, Alexandr Lukachevich, num comunicado.
No relatório, divulgado em Kiev, esta sexta-feira, a comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay, alerta para uma "deterioração alarmante" dos direitos humanos no leste da Ucrânia, onde o exército combate uma revolução lançada por separatistas pró-Rússia, e manifesta preocupação pelos "sérios problemas" de perseguição e intimidação contra os tártaros na Crimeia, anexada pela Rússia em março.
O relatório, que cobre o período entre 2 de abril e 6 de maio, cataloga uma lista de "assassínios seletivos, tortura e espancamentos, raptos, intimidação e em alguns casos assédio sexual", crimes que diz estarem a ser perpetrados por grupos antigovernamentais no leste da Ucrânia.
Verificou-se ainda um aumento "preocupante" dos raptos e detenções ilegais de jornalistas, ativistas, políticos locais, representantes de organizações internacionais e membros das forças armadas.
A ONU sublinha também a sua preocupação com a deterioração do ambiente para os media que operam no leste do país, onde os rebeldes proclamaram a independência em duas regiões na sequência de referendos considerados ilegais por Kiev e pelo ocidente.
Na Crimeia, o relatório diz que a anexação da península pela Rússia em março na sequência de um referendo do mesmo género está a criar dificuldades para muitos residentes, particularmente a comunidade étnica Tatar.
"Mais de 7200 pessoas originárias da Crimeia - a maioria da comunidade Tatar - tornaram-se deslocados internos noutras partes da Ucrânia", indica o relatório.
Os dirigentes interinos de Kiev estão atualmente a travar uma ofensiva militar contra separatistas pró-Moscovo que pegaram em armas contra o Governo central após a destituição do presidente apoiado pela Rússia em fevereiro.
Os combates sucedem-se quase todas as noites, particularmente em torno do bastião rebelde de Slaviansk, e dezenas de pessoas morreram desde que Kiev lançou a sua "operação antiterrorista" em meados de abril.