O exército ucraniano continuou, este domingo, a avançar em direção a Donetsk, leste da Ucrânia, onde os separatistas pró-russos estão a tentar reagrupar-se, enquanto em Slaviansk, controlada por Kiev desde sábado, a vida regressa lentamente à normalidade.
Corpo do artigo
A reconquista no sábado de Slaviansk e Kramatorsk, dois importantes redutos dos insurgentes separatistas pró-russos, constituiu um importante sucesso no terreno das forças leais a Kiev, que acabou por privilegiar uma solução militar em detrimento da via diplomática promovida por Moscovo e apoiada pelos europeus.
Numa mensagem transmitida na televisão, o presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, anunciou, de forma clara, que a ofensiva militar vai continuar.
"A minha ordem mantém-se de pé: é preciso reforçar o cerco aos terroristas. Continuar a operação para libertar as regiões de Donetsk e Luhansk", afirmou o chefe de Estado ucraniano, numa mensagem transmitida sábado à noite.
As forças de Kiev avançaram em direção de Donetsk, situada a cerca de 100 quilómetros de Slaviansk. Durante o percurso, o exército ucraniano ocupou a localidade de Kostyantynivka e duas cidades, Artemivsk (77 mil habitantes) e Droujkivka (60 mil habitantes), divulgaram as autoridades.
Pró-russos preparam guerrilha
Em Donetsk, os separatistas pró-russos, muitos originários de Slaviansk, começaram a reorganizar-se. Mais de dois mil apoiantes da "República Popular de Donetsk" manifestaram-se durante a tarde para anunciar a sua intenção de defender a cidade.
"Vamos lançar uma guerrilha em todo o território de Donetsk", declarou o ex-"governador popular" autoproclamado Pavlo Gubarev, em cima de um palanque acompanhado por 10 homens armados com "kalachnikovs".
A decisão do líder rebelde Igor Strelkov e dos seus homens de deixar Slaviansk foi "correta e mesmo brilhante", disse Gubarev. "Agora, eles [o exército ucraniano] vêm cercar-nos e atacar a nossa Donetsk e a sua população de um milhão de habitantes", reforçou.
Em Slaviansk, a situação era calma e os sinais de destruição eram mais visíveis em algumas zonas da cidade, perto de edifícios da polícia e dos Serviços de Segurança da Ucrânia (SBU), segundo constaram os jornalistas da agência francesa AFP.
Carrinhas começaram a distribuir pão nos bairros da cidade, com cada pessoa a ter direito a dois pães. Na fila de espera, segundo a AFP, era possível ouvir comentários divergentes sobre os recentes acontecimentos.