
Imagens do segundo dia de erupção do vulcão
EPA
A ministra da Administração Interna cabo-verdiana mostrou-se indignada com o comportamento dos muitos populares que, contrariando todas as ordens, se deslocaram em romaria para locais próximos do vulcão que assola desde domingo a ilha do Fogo.
"As pessoas têm de assumir as responsabilidades pelas suas atitudes", reagiu Marisa Morais, aludindo ao facto de Chã das Caldeiras, onde se situam as várias crateras do vulcão, se ter tornado o mais recente ponto turístico da ilha.
Foram centenas os "mirones" que se dirigiram ao longo do dia para o sopé do vulcão com o intuito de o observar, por curiosidade, ou para tirar fotografias, sobretudo as famosas "selfies".
"Os serviços de segurança farão os possíveis para as proteger mas, de facto, estão a colocar em risco os agentes da polícia nacional, da proteção civil e restantes elementos. São curiosos e querem satisfazer a sua curiosidade e, por isso, se for necessário usar a força, que se utilize", atirou a ministra cabo-verdiana.
"Estamos a lidar com adultos que já foram alertados por todos, desde a proteção civil ao Presidente da República, portanto, há uma responsabilidade pessoal que tem de ser acatada", acrescenta.
O segundo dia de erupção do vulcão, esta segunda-feira, revelou-se uma autêntica romaria a Chã das Caldeiras, onde se têm dirigido centenas de pessoas curiosas com o fenómeno que "só acontece uma vez na vida", como justificam.
Se alguns vão com o intuito de ajudar os residentes a carregar os seus pertences ou mesmo levar água ou leite, outros vão só mesmo movidos pela curiosidade e sem tomar os cuidados devidos, como o uso de máscaras para proteger da inalação de gases.
Um desses casos era o de Marta Andrade, que, junto a um grupo de amigos, era a única sem máscara ou qualquer tipo de proteção, apesar de conhecer os riscos.
"As poeiras que andam no ar fazem mal, os fumos também fazem muito mel e destroem a natureza", conta, garantindo que não tem máscara porque não há que chegue para toda a população que ali se dirige.
"Alguns têm prioridade, porque estão a trabalhar e estão próximos da lava, porque andam a carregar coisas", admitiu, indicando que, mesmo assim, não conseguiu ficar em casa e deslocou-se do outro lado da ilha "por curiosidade, para ver as lavas".
A preocupação estava estampada na cara do delegado de Saúde de Mosteiros, segunda maior cidade da ilha, a norte, que está a coordenar as operações na área.
"Os gases fazem um mal enorme, não só quando são inalados como à vista. Quem não tem nada que fazer lá que não vá e ainda por cima passam lá horas seguidas e nem sabem o mal que estão a fazer à sua saúde", explicou Ledo Pontes à Lusa, que garantiu não haver ainda nenhum caso no hospital ou centro de saúde.
Os curiosos só começaram a dispersar ao final da tarde, após uma sucessão de explosões vindas das crateras ter provocado uma chuva de areia vulcânica.
