Tiros contra polícias em Paris e explosão em restaurante árabe a norte de Lyon. Durante a noite, três mesquitas foram atacadas e o carro de uma família muçulmana baleado. É o duro despertar da França, no dia seguinte ao atentado contra a liberdade, contra a Imprensa, que causou 12 mortos. Pelo menos sete pessoas foram detidas, mas os suspeitos do ataque à revista satírica "Charlie Hebdo", dois irmãos, continuam a monte.
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Um homem, de cabeça rapada e vestido com um colete à prova de bala, disparou contra dois polícias, na sequência de um acidente de viação, no sul de Paris, ao início desta manhã de quinta-feira. Uma mulher polícia morreu. A norte de Lyon, uma explosão "de origem criminosa", abalou um restaurante árabe, situado junto a uma mesquita.
As autoridades francesas reagem com precaução aos dois incidentes. A psicose e o alarmismo ameaçam tomar conta da sociedade francesa e as fontes oficiais preferem manter a cautela e não estabelecem ligações entre estes incidentes e o ataque terrorista de quarta-feira contra o "Charlie Hebdo".
"As informações divulgadas devem ser justas, porque devemos aos franceses uma informação precisa. Há muitas informações que não correspondem à verdade a serem difundidas. É preciso apelar ao sangue frio dos que estão na primeira linha do combate ao crime e ao terrorismo e zelar para que os inquéritos em curso se processem da melhor forma", disse o ministro do Interior francês, Bernard Cazeneuve.
O ministro participava numa reunião de crise pelo atentado mortal de quarta-feira contra o jornal "Charlie Hebdo" e deslocou-se ao local do acidente, na cidade de Malakoff, no sul de Paris, e confirmou "o crime cometido contra funcionários públicos, nomeadamente polícias municipais".
Segundo o site do jornal francês "France Soir", um homem, de cabeça rapada e com um colete à prova de bala, saiu do carro e abriu fogo sobre os agentes, tendo atingido uma polícia municipal e um polícia de trânsito.
De acordo com o canal de televisão iTELE, dois polícias ficaram estendidos no chão após o ataque. A mulher acabaria por morrer, confirmaram, entretanto, as autoridades.
Uma correspondente de uma emissora de rádio que estava no local do incidente, a poucos metros da Porte de Chatillon de Paris, explicou que várias testemunhas deram conta de um acidente de de viação pelas 7.15 horas (6.15 em Portugal continental).
Foi detido um homem, de 52 anos, que teria estado envolvido no acidente de viação. No entanto, e ao contrário do que foi veiculado, o suspeito dos disparos fugiu e continua por identificar. A viatura em que circulava, um Renault Clio cinzento, foi entretanto encontrado, legalmente estacionado, a alguns quilómetros do local do acidente.
No Oeste de França, em uma explosão de origem criminosa destruiu a montra de um restaurante árabe, situado junto da mesquita de Villefranche-sur-Saône, na região do Rhone, esta manhã de quinta-feira. Não há vítimas.
Segundo fonte da autarquia, citada pelo jornal "Le Parisien", tratou-se de "um crime". "Acredito que esteja ligado aos acontecimentos dramáticos desta quarta-feira", explicou Bernard Perrut, presidente da câmara de Villefranche, fazendo referência ao terrível atentado que atingiu, quarta-feira, a redação do semanário francês Charlie Hebdo, fazendo 12 mortos.
Durante a noite foram registados alguns incidentes. O carro de uma família muçulmana foi baleado na via pública e pelo menos três mesquitas foram vandalizadas durante a madrugada, uma destas, na cidade de Mans, atacado com granadas.
Atos que configuram vingança ao atentado terrorista contra o Charlie Hebdo. Um dos suspeitos do ataque à revista, Hamyd Mourad, rendeu-se às autoridades na noite de quarta-feira e outras sete pessoas foram detidas durante a madrugada, durante a operação policial montada para encontrar os dois principais suspeitos do ataque, os irmãos Saïd e Chérif Khouachi, de 32 e 34 anos, respetivamente.