A polícia do Rio de Janeiro usou gás lacrimogéneo para dispersar manifestantes que se juntaram numa favela, em protesto contra a morte de um rapaz de 10 anos que morreu num tiroteio entre autoridades e narcotraficantes.
Cerca de 300 moradores do Complexo do Alemão, um gigantesco conjunto de favelas conhecido pela violência, bloquearam o acesso rodoviário à zona onde o menino, Eduardo Jesus Ferreira, foi morto a tiro de caçadeira, a quarta pessoa a morrer em apenas 23 horas.
"A polícia não faz nada, a não ser matar os nossos vizinhos", gritaram alguns dos manifestantes, enquanto outros proferiam palavras de ordem contra a Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) desde que ocupou a favela para usurpar o poder aos gangues de traficantes de droga em 2010.
Testemunhas disseram que a marcha estava a decorrer de forma pacífica até à altura em que a polícia lançou gás lacrimogéneo, sem provocação.
Nessa altura os manifestantes começaram a atirar pedras e um polícia ficou ferido.
"Fomos forçados a usar armas não letais para controlar os manifestantes", disse um polícia à agência AFP, sem especificar o que que levou a essa tomada de decisão.
Segundo as autoridades, a criança morreu quando os polícias foram recebidos a tiro por um grupo de "criminosos" do Areal, uma das favelas deste complexo onde vivem 70.000 pessoas.
Mas os pais, Terezinha Maria de Jesus e Eduardo Ferreira, rejeitam este relato.
"Não houve nenhum tiroteio. O único tiro que ouvimos foi o que matou o meu filho. Saí de casa e vi um polícia das forças de intervenção junto ao Eduardo, que estava caído no chão. Quando me aproximei, ele disse que me matava também", contou a mãe do rapaz ao jornal Globo.
A mulher garantiu que o filho não estava envolvido no tráfico de drogas.
