
Inès, de seis anos, não resistiu à longa permanência na água
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A criança que morreu, quinta-feira, num naufrágio ao largo dos Açores estava a regressar de uma aventura em família de vários meses, para os filhos voltarem à escola. Inès, de seis anos, esteve cerca de nove horas na água, com o pai, foi resgatada mas não resistiu.
O casal francês Claude, 39 anos, e Sophie, 37, partiu à aventura num catamarã em meados de agosto de 2014. Em família, com os dois filhos menores, Hugo, 9 anos, e Inés, cinco e meio, estavam de regresso ao continente europeu, a caminho de casa, na cidade francesa de La Rochelle, quando foram apanhados por um mar encapelado a cerca de 400 milhas (900 quilómetros) ao largo dos Açores.
"Tomámos a decisão de voltar a La Rochelle, mas para voltar a partir", pode ler-se no blogue "revesdo.over", no qual a família partilhava as aventuras. "Temos saudades da família, dos amigos, dos companheiros", lê-se no blogue.
Claude, 39 anos, "oito anos como arquiteto paisagista e uma vida apaixonado pelo mar". Sophie, assistente financeira, "sempre pronta para uma aventura". Hugo, nove anos, "que só está bem na água", e Inès, "cinco anos e meio e um tornado pleno de vida", lê-se no blogue, criado em 2013, quando a família comprou um catamarã e se fez à primeira aventura, nas ilhas Maurícias.
A última entrada no blogue data de 24 de abril. A família estava de partida das Antilhas "a caminho do norte", para o regresso a casa, em França. A viagem tinha começado em agosto de 2014 e passou por Portugal - Porto, Peniche e Lisboa.
"Temos outro projeto. Para o ano, as crianças regressam à escola em La Rochelle e aproveitaremos os fins de semana e as férias escolares para conhecer a costa francesa, atravessar a Mancha ou visitar os nossos vizinhos holandeses", lê-se no último "post", a 24 de abril, anunciando o regresso a casa.
Foram apanhados, como outros, por uma tempestade, com vagas de 8 a 10 metros tugidas por ventos que chegaram aos 150 quilómetros hora, cerca de 400 milhas ao largo dos Açores. A Marinha Portuguesa montou uma operação de grande envergadura, que permitiu salvar 12 tripulantes de cinco veleiros apanhados a navegar na região.
Os tripulantes do "Réves d'O" não tiveram a mesma sorte. Sophie e Hugo foram resgatados por um navio da marinha mercante de Hong Kong, o Yuan Fu Star, cerca das duas horas da madrugada de quinta-feira. Claude e Inès caíram à água quando o catamarã se afundou durante o salvamento, cerca das duas horas da madrugada.
Pai e filha foram localizados ao início da manhã, cerca de 400 milhas a sudoeste do Grupo Ocidental dos Açores, e resgatados, por volta das 9 horas (10 em Portugal continental), disse ao JN o comandante do Centro de Coordenação de Busca e Salvamento Marítimo de Ponta Delgada (MRCC Delgada), Matos Nogueira.
Claude e Inès foram resgatados com vida, após sete horas na água, para o navio hospital espanhol "Esperança del Mar", que correspondeu ao apelo da MRCC Delgada, que coordenou as operações de busca. Inés ainda foi assistida a bordo, mas acabou por morrer. "Não resistiu aos efeitos provocados pela longa permanência na água", disse o relações públicas da Marinha, Paulo Vicente.
