
Béatrice Stockly, à esquerda, foi raptada pela segunda vez
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O auto designado "Emirado do Sahara", um ramo da al-Qaeda no Magrebe islâmico (AQMI), anunciou ter como refém uma missionária suíça raptada no início do mês no norte do Mali e que já estivera sob cativeiro jiadista em 2012.
Num vídeo difundido nas redes sociais na noite de anteontem, o grupo jiadista promete libertar Béatrice Stockly, capturada a 7 ou 8 deste mês em Tombouctou, em troca de de alguns combatentes no Mali e de um dos seus dirigentes, detido à ordem do Tribunal Penal Internacional (CPI) de Haia.
Segundo o jornal francês "Le Monde", trata-se de Abou Tourab, com o nome de guerra Ahmad Al-Faqi Al-Mahdi, um dos dirigentes do grupo jiadista maliniano Ansar Eddine, ligado à AQMI. Acusado de destruição de edifícios religiosos e de monumentos históricos em Tombouctou, em 2012, quando os jiadistas dominavam a região, Tourab foi o primeiro jiadista levado perante o CPI.
No vídeo, o porta-voz do "Emirado do Sahara", com sotaque britânico, acusa a missionária de ter infringido as condições para a sua libertação, naquele ano, após um cativeiro - que a organização agora reivindica - de uma dezena de dias, na sequência da mediação do Burkina Faso.
Alegadamente, Béatrice Stockly ter-se-ia comprometido a "não voltar à terra do Islão", bem como a cessar as suas "atividades de evangelização". Mas acabou por reinstalar-se em Tombouctou em janeiro de 2013, após uma intervenção militar internacional, que libertou a zona e capturou muitos jiadistas.
Os grupos foram perseguidos e em grande parte dispersos após o lançamento da intervenção, por iniciativa da Franca, que ainda continua. Mas vastas zonas da região escapam ao controlo das forças malianas e estrangeiras.
A missionária surge na parte final do vídeo, coberta com um véu, indicando que as imagens foram tomadas no dia 19, descrevendo o rapto e reconhecendo as suas atividades "de evangelização".
Dois reféns, um sul-africano e um sueco, raptados pela AQMI em Tombouctou em 2011, continuam cativos.
