
O único advogado que recusou, à partida, a proposta do alegado cliente
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Uma investigação com recurso a câmara escondida demonstrou a facilidade de se lavar dinheiro nos EUA, proveniente de ganhos ilícitos, designadamente gravando encontros entre advogados e um representante de um suposto ministro africano.
Uma organização independente anticorrupção, a Global Witness, gravou encontros entre o ostensivo representante daquele falso ministro e 13 advogados nova-iorquinos para discutir as possibilidades de retirar o dinheiro de um país da África Ocidental através de empresas de fachada.
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O representante, que era de facto um membro da Global Witness, disse aos advogados que o ministro tinha conseguido milhões de dólares resultantes da atribuição de direitos de mineração e queria trazer o dinheiro para os EUA, para comprar um avião privado, uma casa e um iate.
"Disfarçámo-nos deliberadamente como alguém concebido para desencadear alertas de lavagem de dinheiro", explicou hoje a organização no seu sítio na internet.
"Dissemos que precisávamos de trazer o dinheiro para os EUA sem que fosse detetado", acentuou.
O resultado foi que apenas um dos 13 advogados se recusou a ajudar. Os outros, adiantou a Global Witness, manifestaram-se recetivos e sugeriram que o falso representante criasse empresas de fachada nos EUA para movimentar os seus fundos.
"Bem, faça uma empresa no (Estado do) Delaware para possuir o imobiliário", sugeriu um.
O Delaware é um de vários Estados norte-americanos que permite a constituição de empresas que escondem a identidade do seu principal beneficiário.
"É um dos sítios mais fáceis do mundo para fazer isto legalmente", acentuou a Global Witness.
Alguns congressistas e organizações não-governamentais pretendem o encerramento deste canal de lavagem de dinheiro que tem sido usado por traficantes de armas e droga.
Durante as reuniões gravadas, vários advogados sugeriram que o dinheiro do falso ministro poderia passar através das contas bancárias das suas firmas de advocacia para evitar as suspeitas das autoridades.
Se bem que nenhum dos advogados tenha ficado com o falso ministro como cliente, apenas um rejeitou a abordagem do falso representante.
"Isso não é para mim. Os meus padrões são elevados", afirmou Jeffrey Herrmann, que também recusou recomendar alguém para o trabalho.
