Um grupo de cientistas anunciou, esta quinta-feira, a descoberta das ondas gravitacionais, fenómeno que foi previsto por Albert Einstein mas que só agora foi demonstrado.
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A descoberta foi anunciada por David Reitze, professor de física da Universidade da Florida, nos EUA.
O anúncio é, segundo o jornal "The Guardian", o clímax de um século de especulação, 50 anos de tentativas para as descobrir e 25 anos a aperfeiçoar instrumentos de medição tão sensíveis que conseguem identificar uma distorção no tecido espaço-tempo com a dimensão de um milésimo do diâmetro de um núcleo de um átomo.
O avanço científico está a ser recebido com uma das descobertas do século. A equipa internacional que fez a descoberta diz que esta primeira deteção das ondas gravitacionais significa a entrada numa nova era na astronomia.
O físico teórico alemão Albert Einstein (1879-1955) defendeu, na Teoria da Relatividade Geral que o celebrizou, que os objetos que se movem no Universo produzem ondulações no espaço-tempo e que estas se propagam pelo espaço. Previu, assim, a existência das ondas gravitacionais e demonstrá-la de forma direta era o último desafio em aberto da Relatividade.
A investigação foi feita por uma equipa internacional de cientistas, o Observatório Norte-Americano de Interferometria Laser (LIGO), que opera em laboratórios em todo mundo, onde são disparados feixes de lasers através túneis muito longos, para tentar medir os minúsculos efeitos no tecido espaço-tempo.
Quando atiramos uma pedra para um lago, produzimos ondas circulares que deformam a superfície da água. O efeito agora medido é semelhante a esse. As ondas gravitacionais, que até agora a ciência só presumia existirem, deformam o tecido do espaço-tempo quando se propagam pelo Universo, à velocidade da luz.
As ondas gravitacionais transformam a informação recolhida sobre o movimento dos objetos no Universo, e espera-se que permitam observar a história do Cosmos até épocas remotas.
A descoberta dá à comunidade científica a esperança de que a astronomia possa começar a responder a questões não apenas sobre a vida das estrelas, mas também sobre a sua morte, quer seja por colisão, morte num buraco negro ou numa catástrofe estrelar.
Neil Turok, diretor de um instituto de física teórica no Canadá, questionado pelo jornal britânico, tenta explicar a importância da descoberta: "Pensem na ondas rádio. Quando essas ondas foram descobertas, aprendemos a comunicar com elas. As comunicações móveis são totalmente baseadas nas ondas de rádio. Para a astronomia, as observações rádio disseram-nos provavelmente mais sobre a estrutura do universo do que qualquer outra coisa. Agora temos as ondas gravitacionais e teremos toda uma outra visão do universo, de todas as coisas que não emitem luz, explicou.