A mulher mais procurada do momento em França, Hayat Boummedienne, é "considerada perigosa" e estará armada. Segundo os serviços secretos turcos, a companheira de Amedy Coulibaly, suspeito de matar uma polícia municipal e de sequestrar várias pessoas numa loja judaica em Paris, terá entrado em território sírio, quinta-feira, mas a polícia francesa mantém a operação para a localizar. Hayat radicalizou-se nos últimos anos, passando de jovem que usava biquíni na praia a alguém que deixou o emprego porque vestia burca.
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Hayat Boummedienne "já deixou França", admite a polícia gaulesa. Espanha emitiu um alerta para a eventual entrada no território da mulher de Amedy Coulibaly..
Segundo o site espanhol "20 minutos", Hayat embarcou em Madrid num voo para Istambul, na semana passada. Tinha viagem de regresso marcada para a capital espanhola para 9 de janeiro, sexta-feira, mas não chegou a fazer a viagem de volta a Espanha como planeado.
Fontes do "20 minutos" garantem que Hayat permanece refugiada na Síria, mas a polícia francesa emitiu um alerta sobre a companheira de Amedy, sexta-feira, colocando-a no local do homicídio da agente de polícia, na quarta-feira.
Uma fonte da polícia disse, em declarações à agência France Presse, citada pela Lusa, que a mulher deveria já estar na Turquia na altura dos factos, e que os investigadores estão ainda a verificar se a mulher passou pela Síria.
Segundo os serviços secretos turcos, Hayat Boummedienne entrou na Síria pela Turquia, na quinta-feira.
A polícia francesa desconhece se Hayat participou no sequestro em que morreu o companheiro, na Porte de Vincennes, em Paris, mas acreditará que estava com Amedy quando uma mulher polícia foi abatida, quinta-feira, em Montrouge, nos arredores de Paris, após um acidente de viação.
As autoridades estão convencidas que Hayat participou na planificação do ataque à sede do "Charlie Hebdo".
Tal como o marido, fazia parte do círculo de amigos dos irmãos Kouachi, considerados os autores do atentado à sede da revista satírica Charlie Hebdo, que causou 12 mortos, e que foram abatidos, sábado, depois de se terem barricado numa gráfica de Dammartin-en-Goële, a cerca de 40 quilómetros de Paris.
Hayat é apontada como sendo amiga íntima Izzana Hamyd, mulher de Chérif, o mais novo e aparentemente mais radical dos irmãos Kaouchi.
Segundo o jornal espanhol "El Mundo", há registos de mais de 500 telefonemas, só em 2014, entre Hayat e Izzana, atualmente sob custódia policial. "Isto demonstra vínculos constantes e sustentados entre os dois casais", argumenta uma fonte da Procuradoria de Paris.
As autoridades franceses revelaram, sexta-feira, uma foto do rosto descoberto de Hayat Boummedienne. Há fotos na Internet que a mostram, ao lado do marido, com um biquíni minúsculo numa zona balnear, mas as mais recentes atestam o processo de radicalização islâmica: passou a usar burca e aparece de arma automática na mão ou armada com uma besta, durante uma das frequentes visitas ao radical islâmico Djamel Beghal, condenado em 2001 por planear um atentado contra a embaixada dos EUA, em Paris.
Nascida a 26 de junho de 1988 en Villers-sur-Marne (Val-de-Marne), no seio de uma família de sete irmãos, Hayat passou para os cuidados dos serviços sociais aos oito anos, em 1996, dois anos após a morte da mãe, em 1994.
Segundo o jornal "Le Parisien", cresceu como órfã - algo que tem em comum como os irmãos Kouachi - e só recentemente, já adulta, retomou contacto com o pai, Mohamed Boummedienne.
Considerada mais religiosa, que o próprio companheiro, Hayat, de 26 anos, fez um casamento apenas religioso, sem registo civil, com Amedy Coulabily, em 2009. Nesse mesmo ano, teve de desistir de um emprego como caixa de supermercado, por usar véu integral.
Hayat terá revelado o desejo de viver num país árabe, para aperfeiçoar os conhecimentos sobre a literatura muçulmana, e cumpriu, como o companheiro, a peregrinação a Meca, considerada "fundamental" para os muçulmanos.