O primeiro-ministro vai manter a aposta nos investimentos públicos, apesar do momento de crise que o país atravessa. A garantia foi deixada, domingo, em resposta à líder do PSD, que acusou de ter um discurso de "bota-abaixismo".
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O primeiro-ministro, José Sócrates, recusou o discurso do "bota-abaixismo" do PSD, considerando que, perante a crise internacional, é necessário "não baixar os braços". Por isso, defendeu, que, ao contrário do que alegam os sociais-democratas, neste momento deve ser o Governo a "liderar o investimento público" no país.
Perante a crise económica e financeira, "o Governo não deve baixar os braços, mas sim liderar o investimento público, é isto que se está a fazer no mundo inteiro, dinamizar o investimento público. Não podemos cometer o erro de nada fazer, este é o momento em que as pessoas e as empresas olham para o Estado", sustentou o chefe do Governo, em Almada, na assinatura do contrato da Concessão Baixo Tejo, o novo IC-32. Um investimento de 278 milhões de euros que, para Sócrates, "significa confiança no país, no futuro e mais oportunidades para as empresas e mais emprego".
As declarações do primeiro-ministro surgem, assim, em jeito de reacção às novas críticas da líder social-democrata às obras públicas. "Digo e repito: cada investimento público tem de ser ponderado e bem avaliado. Não é tempo de obras megalómanas, pois cada erro nestas opções é uma corrente a prender os nossos pés e a arrastar-nos para o abismo", acusou Manuela Ferreira Leite, anteonterm à noite, num comício do PSD em Famalicão (ver caixa ao lado).
"Aqueles que no passado fizeram investimento sem qualquer análise de custo/benefício agora reclamam-nos, depois de os termos apresentado reclamam-nos e afinal mostram que não os leram", acusou, ontem, José Sócrates, criticando, assim, o discurso "pessimista" e do "bota-abaixismo" da Oposição.
O primeiro-ministro elogiou, de seguida, "os estudos feitos por entidades independentes" para projectos do Governo, por oposição ao que não foi feito "no passado". "Estes não são estudos feitos pelo Governo, mas por independentes, é isso que nos dá confiança para um projecto que é importante para o país e para a nossa economia", vincou José Sócrates, que depois agradeceu à Universidade de Coimbra, responsável pela validação do projecto do novo IC32.
"Este investimento dá mais oportunidades às pessoas do distrito de Setúbal. Se este investimento era importante há um ano atrás, agora (com a crise) torna-se muito mais importante", sublinhou, para prometer, lembrando os projectos do TGV e da terceira travessia sobre o Tejo na região: "Nos próximos anos, o nível de investimento público e privado (no distrito de Setúbal) não terá comparação com o passado recente".
O chefe do Governo garantiu, assim: "Venho aqui mostrar o empenho do Governo no investimento público em Setúbal". E considerou que o novo IC-32, que começará a ser construído em Abril, vai ser um "contributo inestimável para a melhoria da qualidade de vida, a dinamização económica e a redução da sinistralidade" no distrito.