Norberto Rosa afirmou que o buraco financeiro do BPN é de 1800 milhões de euros e que a CGD já injectou no BPN 1400 milhões de euros até Janeiro. Mas "já se registaram 640 milhões de euros de perdas de depósitos".
Corpo do artigo
Segundo revelou na comissão parlamentar de inquérito ao caso BPN, as perdas do banco atingem já os 1800 milhões de euros, contabilizadas as imparidades (desvalorização dos bens ou dos títulos) nos bancos Insular, Cayman e IFI.
Para o administrador do BPN desde a nacionalização - aprovada a 9 de Novembro pelo Parlamento -, o valor referido "reflecte não só os créditos que estavam sedeados no próprio BPN, mas também no BPN Cayman, no BPN IFI e no Banco Insular". "Na altura tinha sido feita uma auditoria excepcional e tinha encontrado um conjunto de insuficiências - imparidades - que apontava para 700 milhões de euros, mas os próprios auditores referiram que a auditoria era muito parcial, não abrangia avaliação de imóveis, companhias de seguros e BPN Caymam, IFI e Banco Insular. O valor era muito baixo", disse para justificar a discrepância com o valor dado. "Desses 1800 milhões de imparidades, 550 milhões referem-se ao BPN Cayman e ao Banco Insular", explicou.
O ex-secretário de Estado do Orçamento de Manuela Ferreira Leite, disse também que a situação do banco aquando da nacionalização era "insustentável em liquidez e na situação patrimonial". Nas suas revelações à comissão de inquérito não teve dúvidas em dizer que "o Banco Insular era um instrumento utilizado para claramente não cumprir a legislação". O BPN contrariou todas as leis da supervisão bancária", declarou, acrescentando mais tarde que "uma parte significativa da actividade do BPN não era explicitada nas suas contas". Razões suficientes para criarem "um problema complicado de supervisão" em que falharam os "veículos" para perceber os movimentos financeiros.
A decisão sobre o futuro do Banco ainda não está tomada, mas Norberto Rosa defendeu que "manter o BPN por si só não é viável economicamente. concluimos que todos os indicadores de produtividade e eficiência estão muito abaixo do benchmarketing normal". Rosa revelou que não estão previstas indemnizações aos anteriores administradores, dada a "situação líquida claramente negativa".
Na mesma comissão, o presidente do BPN, Francisco Bandeira, revelou ontem que tem havido "manifestações de interesse" na compra do banco e "que existem compradores para o BPN, internos e externos".
Os deputados também o questionaram sobre o plano de recuperação apresentado pelo anterior admnistrador-executivo, Miguel Cadilhe. "Eu não acredito que a solução Miguel Cadilhe vingasse, mesmo conhecendo as situações que na altura não se conhecia", disse Francisco Bandeira. "Neste aspecto estou em linha com o meu colega de conselho [Norberto Rosa]", disse, adiantando que a solução defendida por Miguel Cadilhe "envolvia também muito o peso do Estado".
Sobre as eventuais indemnizações a accionistas e antigos admnistradores, ressalvou de imediato que se trata de "ex-accionistas" e "com a nacionalização deixaram de o ser".
