O presidente da República, Cavaco Silva, abriu uma excepção para comentar o negócio da compra de 30% da TVI por parte da PT, empresa participada pelo Estado.
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“Face às dúvidas instaladas, neste momento, na opinião pública, é importante que os responsáveis pela empresa expliquem aos portugueses o que está a acontecer entre a TVI e a PT”, disse cavaco Silva. “É uma questão de transparência”, acrescentou o presidente da República.
Recordando que já havia dito, noutras ocasiões, que “a transparência e a ética nos negócios” são duas ilações importantes a tirar nestes tempos de crise, Cavaco Silva explicou as razões que o levaram “a abrir uma excepção” para comentar um negócio.
“Dada a importância do sector em causa, tendo em conta a época que estamos a viver, e pela natureza e importância da empresa de comunicação em causa”, Cavaco Silva decidiu comentar, em Guimarães, o negócio entre TVI e PT.
Vender para combater a crise
A venda de 30 por cento da Media Capital pela Prisa faz parte do pacote de medidas do grupo espanhol para enfrentar uma crise financeira que resultou numa dívida de 5 mil milhões de euros.
Apesar de ter conseguido, este mês, um alargamento do prazo de pagamento da sua dívida aos bancos, o grupo espanhol já tinha anunciado estar à procura de parceiros para vender parcial ou totalmente alguns dos seus activos.
A Media Capital, tida pela Prisa como um activo estratégico do grupo, já vendeu a sua unidade de outdoors e extinguiu a de imprensa, mantendo actualmente as rádios (Comercial Rádio Clube Português, Cidade FM, entre outras), a estação de televisão TVI e a produtora NBP, recentemente fundida com a espanhola Plural Entertainment.
A decisão de vender parte dos seus negócios em Portugal e em Espanha foi anunciada no primeiro semestre de 2007, quando o presidente do grupo, Juan Luis Cebrian, admitiu querer vender activos no valor de 70 a 80 milhões de euros.
A aquisição de 30 por cento da Media Capital pela Portugal Telecom renderá ao grupo espanhol, segundo a imprensa, 150 milhões de euros, mantendo a Prisa a maior fatia accionista da dona da TVI.
O grupo de media espanhol detém actualmente 94,4 por cento da empresa portuguesa. O restante divide-se entre a Caja Ahorro de Vigo (cinco por cento) e capital disperso.