Na véspera do início de cada ano lectivo, a frase mais ouvida parece ser: "Tens livros para emprestar?" Apesar disso, a troca de manuais escolares em Portugal ainda é uma prática muito pouco comum e da qual muitas escolas se demitem.
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O Governo e as editoras assinaram uma convenção segundo a qual o preço dos livros escolares não pode ser superior à inflação. Noutro diploma, estabeleceu que os manuais têm actualidade durante seis anos. E no ano passado foi revista a lei de acção social escolar, com o objectivo de passar a abranger ainda mais famílias. No ano lectivo 2007/2008, mais de 700 mil agregados familiares beneficiaram de ajudas do Estado.
Mesmo assim, na altura de gerir o orçamento para fazer face às despesas do ano lectivo, a maior parte das famílias portuguesas ainda enfrenta um problema, que poderia ser atenuado se a reutilização de livros fosse uma prática corrente e fomentada pelas escolas. O que não acontece.
"Nesta altura, com a emergência das novas tecnologias, a implementação de um sistema de troca de livros já não compensaria", explicou ao JN Albino Almeida, da Confederação Nacional da Associação de Pais (Confap). "Estamos num período de transição. O que faz sentido é os alunos passarem a aceder aos conteúdos, devidamente certificados, contidos, por exemplo, no portal da Educação. O manual não deixará de existir, mas poderá ficar em casa como ferramenta de estudo. Ou seja, a relação custo/benefício da implementação da reutilização de livros não compensaria. Sobretudo porque quando a medida estivesse definitivamente implementada já estaria desactualizada". Por outro lado, enquanto esse período não chega, acrescenta o responsável, "já foi demonstrado que nas disciplinas de iniciação às línguas e à matemática, é importante que cada aluno possa escrever no seu próprio manual".
Assim, os projectos que existem para troca de livros são reduzidos - mas existem. A Associação Portuguesa de Famílias Numerosas promove o empréstimo no seu site. E a plataforma Clube dos Livros Escolares oferece 20% sobre o preço de capa do livro vendido aos seus sócios. A esse valor acresce ainda o desconto de 50%, também sobre o preço de capa, para cada compra efectuada através do site do clube. A ideia é reutilizar, reciclar e dinamizar a comunidade escolar.
