O presidente da Câmara de Viana do Castelo, José Maria Costa (PS), garantiu hoje, segunda-feira, que os autarcas do Litoral Norte serão "intransigentes" na luta contra a introdução de portagens na A-28, entre aquela cidade e o Porto.
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"Nós temos um argumento muito forte e incontornável, que é a absoluta falta de alternativas. A '13' já nem se pode chamar estrada nacional, porque tem alguns troços que já estão municipalizados, e, por isso, acreditamos firmemente que vai haver bom senso por parte do Governo e que a A-28 vai ficar sem portagens", disse, à Lusa, José Maria Costa.
O autarca sustentou que "a introdução de portagens, enquanto não houver uma alternativa válida, seria inaceitável, pelo que seremos intransigentes na luta. Queremos resolver as coisas pela via do diálogo. Se não conseguirmos, depois se verá o que fazer".
Para hoje, estava marcada uma reunião dos autarcas do Litoral Norte com o ministro das Obras Públicas, expressamente para exporem os argumentos que, na sua opinião, "inviabilizam" a introdução de portagens na A-28, mas o encontro foi adiado por questões de agenda do governante.
"O nosso argumento mais forte é a falta de alternativas", frisou José Maria Costa, lembrando que um estudo feito há poucos anos revelava que a EN-13 possui meio milhar de constrangimentos, entre rotundas, semáforos e passadeiras para peões.
O autarca de Viana do Castelo lembrou ainda que a ponte de Fão, em Esposende, não permite o trânsito de pesados, o que obrigaria estes veículos a utilizarem "forçosamente" a A-28.
"Só quem não conhece a '13' é que pode admitir que ela é alternativa", afirmou.
Considerou ainda que a eventual introdução de portagens na A-28 seria uma "injustiça inadmissível", quando comparada com o "tratamento" dado à Via do Infante, no Algarve, "onde não se vai pagar apesar de a alternativa ser muito melhor".
Outro dos argumentos que os autarcas do Litoral Norte vão levar para a reunião com o ministro das Obras Públicas tem a ver com os indicadores económicos, que colocam a região abaixo da média nacional.
Segundo dados há dias esgrimidos pela Câmara de Viana do Castelo, o índice do poder de compra per capita do Norte está abaixo dos 80 por cento (79,5 para o Norte e 61,8 para o Minho-Lima) e o PIB per capita regional situa-se abaixo dos 90 por cento (85,4 no Norte).
"Basta o Governo cumprir com o que está escrito no seu Programa para que a A-28 continue sem portagens. E nós acreditamos que o Governo vai cumprir", frisou José Maria Costa.
A contestação às portagens na A-28 já conta com o apoio de 15 municípios: os 10 do Alto Minho e ainda Esposende, Póvoa de Varzim, Vila do Conde, Matosinhos e Maia, o primeiro do distrito de Braga e os restantes quatro, do Porto.
Na Internet, corre igualmente uma petição contra as portagens, que já reuniu perto de 13 mil assinaturas, um número que, segundo o seu promotor, Daniel Pedro Silva, deverá nos próximos tempos crescer até 20 mil.
"Queremos acreditar que quem fala em portagens na A-28 não conhece a EN-13. Só pode ser isso", disse, à Lusa, Daniel Pedro.
Este activista mostrou-se "surpreendido" com o adiamento da reunião entre o ministro e os autarcas do Litoral Norte e viu nesta decisão "uma prova da pouca vontade do Governo" em discutir a matéria.
"O que me quer parecer é que, por parte do Governo, a decisão está tomada e, por isso, acha que não vale a pena perder tempo com reuniões", criticou.